Jerónimo de Sousa lançou no último domingo, na Guarda, fortes críticas à actual governação socialista que, em seu entender, está a contribuir para a desertificação do interior do país. O secretário-geral do PCP encerrou a Vª Assembleia (extraordinária) da Organização Regional da Guarda do Partido Comunista, realizada no Auditório da Junta de Freguesia de São Miguel, que registou uma boa presença de público.
O líder comunista acusou os Governos do PSD/CDS-PP e do PS de nada terem feito para o desenvolvimento do interior, além das «bonitas palavras» das promessas eleitorais, considerando que existem «largos espaços dos territórios do interior cada vez mais isolados e mais pobres». Jerónimo de Sousa afirmou que o interior debate-se com um «acentuado declínio económico, social e demográfico», um cenário que «se agravou com as políticas neoliberais de ataque aos serviços públicos e as políticas de privatização das empresas públicas», frisou. Nesse sentido, o secretário-geral do PCP garante que o partido vai continuar «na rua e na Assembleia da República, onde faremos tudo para que o nosso país não seja cada vez mais aleijado com a concentração dos investimentos no litoral». Sobre o possível encerramento da fábrica da Opel na Azambuja e que poderá ter implicações na Delphi da Guarda, Jerónimo de Sousa propõe que a União Europeia tome medidas de regulação para evitar que casos semelhantes continuem a ocorrer em todo o país: «Esta política de deslocalizações, esta impunidade com que as multinacionais chegam, recebem fundos comunitários e nacionais, estão aqui durante uns anos e depois levantam a tenda e vão à procura de quem dê mais e de trabalhadores que recebam menos tem que acabar», reclamou.
A Vª Assembleia do PCP da Guarda aprovou ainda, por unanimidade, um “manifesto ao povo do distrito”. No documento, que será distribuído pelos 14 concelhos, é sublinhando que «o encerramento ou a diminuição sistemática da prestação dos serviços públicos, conforme se vem verificando ao longo de anos, que agora se acentua e agrava, representa a destruição das condições de vida no interior e constitui um incentivo à desertificação e ao aprofundamento das assimetrias regionais». Por isso, lê-se no manifesto, «é necessário ir mais longe no protesto contra esta injustiça de ir “fechando o distrito aos poucos”», criticam os comunistas, que reclamam políticas «que coloquem no centro das preocupações e decisões o bem-estar dos trabalhadores e da população». O PCP não esqueceu o lançamento de uma Operação Integrada de Desenvolvimento para a Corda da Serra, a implementação de medidas de apoio à agricultura familiar e ao mundo rural, a criação de incentivos à fixação dos jovens no distrito, a melhoria das vias de comunicação rodoviárias inter-concelhos e a modernização e electrificação da linha da Beira Baixa, entre outras. Por outro lado, «é necessário manter e melhorar os serviços públicos de saúde pondo fim ao seu encerramento com base em motivos puramente economicistas», bem como acabar com o «encerramento generalizado» das escolas do 1º ciclo.
Ricardo Cordeiro