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Já que o Tempo é de Votos

Entrementes

Caro leitor, poderá ser esta a última vez em que nos encontramos aqui. Não que eu seja agoirento, mas dizem as mais esotéricas explicações do calendário maia que amanhã, quando o dito apontar o dia vinte e um, o mundo finar-se-á. Isto, mesmo que os descendentes atuais daquela que, reconhecidamente, foi uma civilização brilhante neguem tal facto.

Aliás, se hoje estamos, o leitor e eu, preocupados em saber se o amanhã ainda chegará, tal fica a dever-se a um facto histórico indesmentível: os castelhanos não conseguiram acabar de vez com os Maias (e os Incas, e os Aztecas…). Ainda sobreviveram alguns para perpetuarem a cultura pré-Colombo do Novo Mundo. E, como não conseguiram, aqui estamos nós a olhar de soslaio para a página do calendário que vem a seguir à de hoje.

Mas, caro leitor, acreditemos que ainda iremos comer as filhós de Natal e as passas às doze badaladas. Por isso aproveitemos o tempo que é de votos (estes bem mais simpáticos que outros que, quantas vezes cegamente, depositamos naqueles que, depois nos devolvem a confiança com quebra de promessas…). Aproveitemos então o tempo e, olhe, tenhamos esperança…

Desta quadra diz-se que é de votos. Desta quadra também se diz que é a da igualdade entre os homens, da fraternidade, da solidariedade, da partilha de bens e afetos. Pois será… E, se assim é, então cá vão alguns votos. Assim como se fossem as doze passas da meia-noite do dia último do ano.

Que 2013 seja o ano da recuperação económica do país e, já agora, também da minha carteira que, de tão vazia, já nem enchumaça o bolso.

Que 2013 traga de volta a vontade e o orgulho de pertencer a este país.

Que 2013 devolva as casas que a banca, sôfrega, retirou a muitos dos nossos compatriotas.

Que 2013 não se esqueça de aparecer sorridente, em hospitais melhorados que isto da saúde anda mesmo pelas ruas da amargura.

Que 2013 devolva trabalho às dezenas de milhares de professores que o senhor ministro, de calculadora cega na mão, colocou no desemprego.

Que 2013 seja zeloso e cumpra a tarefa de ajudar a senhora Merkel a abrir os olhos para a realidade europeia de uma vez por todas e nos deixe em paz, sem troika nem aumentos de impostos.

Que 2013 devolva à nossa Guarda a indústria que outros anos lhe retiraram.

Que 2013 seja milagreiro e consiga fazer perceber a gaspares e quejandos que neste país vivem (ou será sobrevivem?…) pessoas e não números de um algoritmo qualquer.

Enfim, que 2013 se comporte com dignidade e, pelo menos ele, não seja padrasto. De males já nós temos a nossa conta que, aliás, é bem gorda.

E, já agora, que 2013 lhe traga a si, caro leitor, condições para um futuro melhor. Felizes festas!…

Por: Norberto Gonçalves

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