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Já pagámos!

Crónica Política

Permitam-me que interrogue se haverá leitor algum a quem tenha surpreendido a “boa nova” do actual Governo, relativamente à imposição de portagens na futura auto-estrada das Beiras (A25).

Na realidade, a dita ainda não está concluída, mas para que não possamos indignar-nos mais tarde, como sempre fazemos quando o executivo anuncia medidas em nada coincidentes com as constantes do seu programa eleitoral e à custa do qual resultou eleita a maioria PSD/CDS, pela firme convicção portanto, que fomos completamente “levados”, desta feita, o Governo, na pessoa do Senhor Ministro das Obras Públicas, em pleno solo beirão, apostou na verdade, nua e crua, ao referir que a A25 (actual IP5 entre Aveiro-Vilar Formoso) terá portagens.

De louvar, a coragem de dizer a verdade, não fosse ela tão fracturante e consequentemente desoladora para o tecido social e económico desta região do interior, e não fosse igualmente incoerente se atentarmos na lógica de políticas de discriminação positiva propaladas pela actual maioria para as regiões do país mais enfraquecidas.

De que serviram os encomendados estudos que sinalizam as Áreas e os Sectores nacionais deprimidos, que apontam as potencialidades latentes detectadas no carenciado “interior” se, à revelia, o Governo promove indistintamente políticas que têm como único objectivo aumentar as magras receitas que, a custo, consegue ainda colher dos impostos?

A portagem do IP5 já a pagámos com sangue, circulando num traçado que a incompetência cavaquista desenhou e achou suficiente para contentar os “parolos” do Interior. Já pagámos, obrigados durante anos a transitar num itinerário que pela perigosidade do seu traçado e pela falta de alternativa condigna deixou a todos marcas de terror pela sinistralidade e mortes nele registadas.

A auto-estrada a concluir não pode ser mais um meio para a Senhora Ferreira Leite embolsar uns trocos para realização da sua meta anti-défice.

A auto-estrada das Beiras está atrasada 20 anos, tê-la agora, livre de portagens, é apenas uma questão de justiça, não de política orçamental.

Para este peditório, nós já demos…

Por: Rita Cunha Mendes

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