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IPPAR não pode embargar Parque da Goldra

Zona não está classificada, mas o processo está dependente do parecer do Ministério Público, a que recorreu o IPA

Afinal, o Instituto Português do Património Arquitectónico (IPPAR) não vai embargar a obra, pois esta não é uma zona classificada. «Se estivesse, não hesitaria», salienta prontamente o director regional do IPPAR, José Afonso, esclarecendo nunca ter dito que ia pedir o embargo. «O que afirmei é que teria que receber essas informações para constatar o problema. Mas depois vi que a zona não estava classificada», aponta.

Por isso, resta «aguardar os pareceres» do Ministério Público para analisar depois se os vestígios encontrados na zona têm ou não valor. Um trabalho que terá que ser feito pelo Instituto Português de Arqueologia (IPA), visto que aquela área da obra PolisCovilhã é do domínio da arqueologia industrial. A notícia de que o IPPAR iria embargar a intervenção têm feito mossa na autarquia e levou o edil local a convidar o presidente do IPPAR para uma reunião de trabalho e visitar o local. Contudo, o encontro, agendado para terça-feira, foi adiado para daqui a duas semanas, uma vez que o responsável máximo daquele organismo estava em compromissos governamentais, adiantou a “O Interior” Carlos Pinto. «O IPA apenas fez o que manda a lei. O Parque da Goldra é potencialmente uma zona de arqueologia industrial. Quando repararam que havia remoção de solos sem acompanhamento de um arqueólogo, fez a participação ao Ministério Público», explicou José Afonso, acrescentando que a Câmara deveria ter parado as obras de imediato quando encontraram os vestígios.

Para José Afonso, os conflitos poderiam ser evitados se a autarquia «cumprisse a lei» ou se tivesse um «arqueólogo nos seus quadros», à semelhança das restantes autarquias da região, lamentando a sucessão deste tipo de casos na “cidade neve”. «O IPPAR já fez inúmeras queixas contra a Câmara. Há um rol de obras em que se desafiou a lei. Esta é verdade que tem que ser dita, goste-se ou não», afirma. «O que querem é arranjar emprego aos arqueólogos», responde, por sua vez, Carlos Pinto, alegando não haver valor arqueológico naquele local. «A única coisa que existe no subsolo são cacos. Se aquilo tivesse valor, seríamos os primeiros a defendê-lo», garantiu. Na sua opinião, o único problema reside no director do IPPAR de Castelo Branco, acusado de ser um «especulador arqueólogo». «Isto não passa de uma telenovela alimentada pelo senhor José Afonso», critica, lamentando ainda que não tenha tido autorização para utilizar no Parque da Goldra o arqueólogo que está a acompanhar os trabalhos no centro histórico da cidade.

No entanto, o visado limita-se a dizer que a Câmara «não tem legitimidade» para avaliar se os vestígios são ou não valiosos. José Afonso refere que o acompanhamento arqueológico tem que ser a tempo inteiro. «E não se trata de arranjar emprego aos arqueólogos, como a Câmara argumenta. É a lei e se não concorda que participe do Estado», remata o director regional do IPPAR.

Liliana Correia

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