A Agência para Avaliação e Acreditação do Ensino Superior (A3ES) prevê a redução de mais de 600 cursos dos 4.900 graus actualmente existentes nas universidades e politécnicos do país. A fase de envio da avaliação feita pelas próprias instituições terminou esta semana e há várias a abdicar de cursos desde já. Não é o caso do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), nem da Universidade da Beira Interior (UBI), que pediram a acreditação prévia de todos os que estão aprovados na Direcção-Geral do Ensino Superior.
A A3ES só confirmará o número de fechos depois de analisar os pedidos e avaliações das instituições, que devem demonstrar os seus recursos para leccionar os cursos, sendo que todos os ciclos existentes terão de estar acreditados até final do próximo ano. «No caso do IPG, penso que não haverá qualquer problema neste processo», afirma Jorge Mendes, mostrando-se convicto que o Politécnico não entrará no lote dos que irão perder cursos nos próximos anos. O presidente do Instituto guardense antevê, sem adiantar pormenores, que o máximo que pode acontecer é que «um ou dois cursos consigam apenas uma acreditação provisória» numa primeira fase. Actualmente, funcionam no IPG 24 licenciaturas, existindo mais de 20 cursos de especializações, pós-graduações e mestrados. «Penso que os cursos que vão fechar por não terem qualidade estão, em quase cem por cento dos casos, nas privadas», afirma.
Para Jorge Mendes, todos os cursos do IPG «têm qualidade» para continuarem a ser leccionados. A A3ES vai ter em conta vários critérios relacionados com a qualificação do corpo docente, investigação, instalações, número de alunos inscritos, condições de empregabilidade e índice de mobilidade internacional. De resto, o responsável até espera ganhar novos cursos no próximo ano lectivo. Nesse sentido, o IPG propôs sete novas áreas no final do ano passado, altura em que terminaram os pedido de acreditação dos novos cursos. «Embora a agência ainda não se tenha pronunciado oficialmente, sabe-se que a comissão de análise do curso do mestrado de Marketing e Comunicação deu parecer favorável», anuncia. O Politécnico aguarda resposta para as licenciaturas em Gerontologia Social, Terapia Ocupacional e Tecnologias de Artes e Espectáculos, bem como para os mestrados em Construções Civis, Professor Bibliotecário e Ciências do Desporto.
UBI só quer um curso novo
«Acredito que não teremos problemas ao nível da acreditação», afirma, por seu turno, Amélia Augusto, pró-reitora da UBI, que tem a seu cargo a Qualidade. No total, a instituição pediu a acreditação de 125 cursos – 37 licenciaturas, três mestrados integrados, 58 mestrados e 27 doutoramentos. O pedido inclui até cursos que não abriram vagas nos últimos anos, como Engenharia Têxtil. «Decidimos submeter a esta pré-acreditação até estes casos porque sabemos que, se não o fizéssemos, nunca mais os poderíamos abrir», explica Amélia Augusto, ao referir que, ao serem acreditados, poderão reabrir noutras condições. «Podem passar, por exemplo, a regime nocturno», exemplifica.
Para a responsável, a UBI tem «uma oferta de qualidade», nomeadamente no que toca a aspectos como instalações e corpo docente qualificado. De acordo com dados facultados pela instituição, a UBI tem 654 docentes, dos quais 367 doutorados. «Não me parece que estejamos com problemas ao nível do corpo docente», diz Amélia Augusto. A pró-reitora considera que, a haver alguma dúvida, será com cursos do segundo ciclo que não têm funcionado por falta de procura, nomeadamente «os que foram criados antes de existirem alunos com o primeiro ciclo de estudos terminado».
«Este é um processo que agora se inicia e os critérios não estão ainda bem definidos», acrescenta Amélia Augusto, ao constatar que, no caso de cursos que não têm funcionado por falta de procura, não podem ser analisados dados como o número de alunos ou a empregabilidade. Em relação a novos cursos, a UBI só requereu a acreditação de um. Trata-de do mestrado em Branding e Design.