O projecto “Transformação de Resíduos de Pneus em Produtos de Elevado Valor Acrescentado (Carvões Activados)” valeu a Carlos Laginhas, investigador da Universidade de Évora que residiu na Guarda até aos 18 anos, o Prémio Inovação Valorpneu 2009. A distinção da entidade Gestora do Sistema Integrado de Gestão de Pneus Usados (SGPU) foi atribuída recentemente num encontro realizado em Unhais da Serra e para além de um cheque de 7.500 euros, o antigo aluno da Escola Secundária da Sé tem ainda a possibilidade de efectuar um estágio profissional na empresa.
Actualmente com 28 anos, o estudante de mestrado em Química Aplicada recorda que nasceu «por acidente no Porto», onde os seus pais, guardenses, trabalharam durante algum tempo. O premiado veio morar para a cidade com nove anos e regressa sempre que tem oportunidade, nomeadamente ao fim-de-semana: «É a minha cidade e quero contribuir para o seu desenvolvimento. Saí da Guarda por não ter aí ofertas a nível do ensino superior que me aliciassem e interessassem», refere. De resto, desde que terminou a licenciatura em Química que tem procurado emprego na cidade, «mas ainda não me deram essa oportunidade», adianta, lamentando que as empresas tenham «tendência para não empregar pessoas que não conheçam». A sua ligação à cidade mais alta está também patente no facto de continuar a votar por cá, já que é o concelho onde lhe interessa saber quem são «os políticos que o governam».
Sobre a distinção atribuída pela Valorpneu, que se destina a premiar soluções inovadoras formuladas por estudantes do ensino superior para o destino sustentável dos pneus usados em Portugal, Carlos Laginhas reconhece que estava «esperançado» de que pudesse vir a ser distinguido, já que reconhecia «valor» à sua investigação. No entanto, sabia que ia ser difícil, elogiando a «persistência e a vontade de lutar contra os grandes centros urbanos» da sua Universidade, repartindo o mérito do galardão com o Departamento de Química e, em particular, com o seu orientador, João Nabais, que teve um «papel preponderante» no seu trabalho, garante. O investigador explica que o projecto vencedor consiste em utilizar a borracha de resíduos de pneus já em fim de vida para produzir carvões activados «que têm aplicabilidade em bastantes coisas», como os filtros de água para purificação ou de máscaras químicas. Podem ainda ser usados para a separação de gases, remoção de odores com a inserção em palmilhas ou ainda no tratamento de águas residuais ou de intoxicações alimentares.
Curiosamente, Carlos Laginhas também possui um curso de Organização e Promoção de Eventos, que reconhece não ter «nada a ver» com a Química, «uma área fácil que não é fácil». Por isso, está consciente de que este prémio e a possibilidade de efectuar um estágio profissional na Valorpneu lhe podem abrir outras portas no futuro, desejando «agarrar todas as oportunidades» que surgirem. «Sou investigador com uma bolsa de investigação, o que representa uma situação muito precária», esclarece. Ao todo, a Valorpneu recebeu 10 candidaturas de projectos oriundos de todo o território nacional.
Ricardo Cordeiro