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Interior «precisa muito de recentragem do papel do poder local»

Carvalho da Silva abordou os desafios do futuro do país e da região a semana passada na Covilhã

«A ideia de que vamos ter um futuro melhor empobrecendo é uma maldade muito grande que fazem aos portugueses». Esta foi uma das mensagens que o secretário-geral cessante da CGTP deixou na semana passada na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade da Beira Interior. Carvalho da Silva foi o orador da conferência-debate “Portugal: os desafios do futuro”, promovida no âmbito das comemorações do 25º aniversário da Rádio Cova da Beira.

Questionado pelos jornalistas no final da sessão sobre desafios para o futuro da região, Carvalho da Silva salientou a importância da «conjugação dos esforços do poder local com os atores económicos e sociais locais», defendendo que «as sociedades do futuro vão ter que fazer uma outra visão da utilização do espaço» e que a «“tonteria” da concentração nos grandes centros urbanos vai ter que ser recomposta». O sindicalista exemplificou que «não é possível falar de novos desafios à agricultura para Portugal sem haver um debate concreto do que fazer nesta região, como noutras, ou até sobre áreas de inovação, como aproveitar a universidade numa outra perspetiva em que o desenvolvimento incorpore muito mais as dimensões social e cultural». Outros pontos que considerou que deveriam ser analisados são o «problema das relações com os povos vizinhos de Espanha e o que é que, por exemplo, estas decisões sobre a organização do trabalho implicam nos impactos desde o turismo a outras atividades que aqui podem ser importantes no desenvolvimento».

Quanto à desertificação, o secretário-geral da CGTP considerou que «no imediato a tendência ainda é» para o seu «aumento»: «É preciso ter essa realidade. Agora, que no futuro não se vai poder continuar com este caminho, penso que é um facto. Como é que as coisas vão ser alteradas? É uma interrogação muito grande. Há muita coisa em confronto, é preciso é colocar as populações em atividade e, por exemplo, as regiões do interior precisam muito, muito de uma recentragem do papel do poder local», reforçou.

Considerou que as regiões do interior «tiveram um contributo extraordinário das funções do poder local depois do 25 de abril no seu desenvolvimento», mas que com o passar do tempo esse tipo de poder «também foi na onda do processo de financeirização e dos negócios do cimento armado e outros que desarmaram o poder local». O responsável defendeu uma mudança de mentalidade por parte dos cidadãos: «A ideia de que há alguém que resolve os problemas por nós tem que ser substituída pela de que não temos saída se não formos participantes ativos e se não nos responsabilizarmos. Não há projetos que saiam da inspiração de um governante qualquer que foi tocado por uma “varinha de condão”», vaticinou. Sobre o acordo de concertação social, reafirmou que é «muito prejudicial para os trabalhadores, para o povo e para o país», sendo que «o empobrecer não é glorioso» e a «ideia de que vamos ter um futuro melhor, empobrecendo é uma maldade muito grande que fazem aos portugueses».

Ricardo Cordeiro Secretário-geral da CGTP exaltou cidadãos a serem «participantes ativos» na tomada de decisões

Comentários dos nossos leitores
antonio vasco saraiva da silva vascosil@live.com.pt
Comentário:
Acabo de o ver a ser entrevistado e na sua despedida como líder , tenho a dizer que este homem faz falta a este país. A possível ida para Presidente da República talvez não seja de todo má ideia, pois tem conhecimento das dificuldades dos portugueses, coisa que o nosso “acabado” Silva acabou de dar um tiro no pé.
 

Interior «precisa muito de recentragem do
        papel do poder local»

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