O número insolvências de empresas cresceu 7,7 por cento no primeiro trimestre deste ano face ao mesmo período do ano passado, «o que demonstra que a crise não está encerrada», alerta Pires Manso, professor catedrático da Universidade da Beira Interior.
O docente responsável pelo Observatório para o Desenvolvimento Económico e Social (ODES) compilou num estudo a evolução diária do número de insolvências registadas pelo Centro de Estudo do Instituto Informador Comercial até ao passado 17 de Abril. Para o mesmo período, o número de insolvências em território nacional foi de 821 em 2008, 1.122 no ano passado e 1.209 em 2010. Em termos absolutos, o Porto é o distrito que mais insolvências registou este ano até aquela data, num total de (288), seguido de Lisboa (233) e Braga (175). A região Norte é a mais acfetada, nomeadamente «ao nível de pequenas e médias empresas e empresas familiares: são as que mais têm sido consideradas insolventes», refere o investigador, acrescentando que é também a zona do país onde há mais empresas.
«Mas vendo as variações percentuais, por exemplo de 2008 para 2009, temos sobretudo grandes acréscimos nos Açores e em noutros distritos como Guarda, Bragança, Leiria, Viseu, Castelo Branco e Santarém, alguns do interior do país», alerta. Apesar de nalguns distritos do interior o número de insolvências rondar uma a duas dezenas de casos no primeiro trimestre ao longo dos últimos anos, para Pires Manso, esses encerramentos têm maior importância. «É tanto mais preocupante quanto é sabido que nestas regiões há relativamente poucas empresas e se estas encerram ficam os espaços disponíveis para coutadas de caça», ironiza.
Um fenómeno que continua a verificar-se nos primeiros meses deste ano, já que os maiores acréscimos relativos de insolvências localizam-se sobretudo em Portalegre, Beja, Évora e também Guarda (mais 12,5 por cento face a igual período do ano passado), segundo a análise do ODES. Os sectores têxtil e de vestuário, agrícola e florestal e da restauração são áreas tradicionais e predominantes nas regiões do interior e estão entre as que mais se ressentem, de acordo com os números da insolvências, «o que é preocupante para estas regiões com uma economia já de si tão debilitada».