Tenho esta sensação há vários anos. Há uma forma peculiar de falar dos outros que os deixa sempre mal. Um jornalista refere-se aos factos deixando apenas os detalhes que apoucam. Diz-se de um tipo que veste mal. Refere-se sem factos que é doido, ou maluco, ou que não leva nada ao fim. Diz-se que é trapalhão nos desempenhos. Nada nele está bem. Comparado com outros, as suas acções são sempre menores, as intenções as piores e a avaliação aquém do esperado. A insinuação é uma arte de mal dizer e inala-se através dos jornais. Poucos são aqueles que por rinite ou pigarro ou catarro respiratório a não absorvem. Bem feita uma insinuação avança pelos pulmões para a corrente sanguínea e torna todos críticos. Esta estratégia derrota por esmagamento. É semelhante ao popular “empranhanço pelos ouvidos”. Mas esse método é mais no emprego, quando a saloia quer tramar a colega e enche o patrão de zumbidos. Os patrões pagam enchendo-a de outras coisas. Portugal é também amador nestas artes que ganharam peculiares elevações nos países anglo-saxónicos onde hoje há jornais só de mal dizer e apoucar. Mas caminhamos para lá. É neste território que se pedem melhores políticos e melhores dirigentes desportivos, mas não se esqueçam que já há alguns melhores do que parecem. Nós nunca ouvimos a versão real da sua vida e sim as insinuações num padrão corrosivo e letal para todos nós.
Por: Diogo Cabrita