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“Infelizes da política”??

Crónica Política

A cidade e o seu crescimento de futuro não têm opiniões políticas de direita, de esquerda ou de centro. Irra! Já basta de se arranjarem desculpas para que quem está menos contente com a gestão autárquica da CMG seja logo identificado como os “infelizes da política”. Aliás, que expressão tão deselegante para um senhor que é presidente da Câmara Municipal da Guarda e que tem na sua biografia uma carreira profissional ligada à política. Basta de tanta sumptuosidade, o senhor não tem esse direito e PONTO.

Mas afinal quem são esses “infelizes da política”? Os que não dizem que sim, que está tudo bem na Guarda? São ESSES?

Para que se compreenda então essa tão anti democrática expressão há que fazer emergir o seu oposto, os “felizes da politica”. Então esses são os que concordam com tudo sem contestarem porque não têm nem opiniões diferentes, nem conseguem acrescentar nada!; São os que têm empresas de limpeza e que prestam serviços para os eventos engalanados!; São os que se escondem entre empresas de segurança, serviços e afins para serem convidados por ajuste direto a fazer trabalho para o engalanamento!; Sim… são os que vão às festas com camisa nova; São os que, por medo, se calam porque têm receio! Ui!!!… O que para aí vai, medo!!! Hipática, uma matemática e filósofa neoplatónica, afirma que «Governar acorrentando a mente através do medo de punição em outro mundo é tão baixo quanto usar a força». Mas, refere ainda que devemos reservar «o direito a pensar, mesmo pensar errado é melhor do que não pensar».

Será difícil que o senhor presidente da CMG se situe no que deve fazer para o melhor da Guarda e dos guardenses! Para isso, deve estar preparado que há quem tenha outras opiniões e que gostaria que se apostasse mais, por exemplo, pela estratégia desenhada no seu programa eleitoral, pois como bem sabe, para quem tem uma carreira politica repleta de momentos infelizes e felizes da politica, ESTE, o de ter ganho a autarquia da Guarda, foi certamente o seu maior momento como politico. Receio, aliás, que não terá outro na sua carreira política com tal importância.

Ganhou sim, e bem! É verdade! Mas votámos em propostas, em planos de ação para um futuro de cidade que há muito ambicionava mudança, mas analisadas as situações tudo isto está a ser um “flop”, engalanado sim, mas um “flop” apenas.

Repare, são sucessivamente anunciados eventos, planos, e outros afins e tudo aparece de forma descontextualizada e mais uma vez sem estratégia. Como é que se lança o Primeiro Simpósio Internacional de Arte Contemporânea – Cidade da Guarda, onde ridiculamente o apresenta como «só disponibilizo 20 mil euros», quando na semana anterior apresentou um montante soberbo para o embelezamento de mais duas rotundas com esculturas! Então não se faz uso do simpósio que decorre agora, para que possa ser a Guarda a escolher de entre os feitos no simpósio, aquele que gostaria de ver nas rotundas? Acha que temos “mau gosto”? Algo vai muito mal, faz-se, faz-se, mas depois no final o efeito de retorno serviu para muito pouco, quase apenas para alimento de um ego já irritante.

Não devemos confundir a espuma com o líquido que ela esconde.

A verdade é que faz falta o verdadeiro projeto para o crescimento da Guarda!

Platão disse que podemos perdoar uma criança que tem medo do escuro, mas a real tragédia da vida é quando os homens têm medo da luz. A verdade é que a maior parte dos medos desaparece com o conhecimento e, sem medo, começamos a questionar e não mais a aceitar muitas das tolices que nos dizem. Por isto, os Príncipes de Maquiavel espalhados pela Minha Cidade tanto se esforçam na manutenção da ignorância e dos medos.

Num comportamento que se pauta pela declaração, mais ou menos assumida, de conflito aberto entre o poder político e o poder ideológico espelhado na luta pela reprodução política do futuro. Esse grau de conflituosidade só indica uma gestão autoritária e totalitária que tende a um afastamento inteligente e participativo.

A continuidade dessa forma de estar perante os que têm opiniões diferentes só vem dar força à expressão de P. Champagne (1990), quando defende que «a opinião pública é uma espécie de máquina de guerra ideológica utilizada pelas elites intelectuais e pela burguesia de toga com o intuito de legitimar as suas próprias reivindicações no domínio político e enfraquecer o absolutismo real». Mas acredite, não utilizo aqui a minha Toga, nem o senhor é Rei.

Por: Cláudia Teixeira

* Militante do CDS-PP

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