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Independentes retiram confiança política a Nelson Silva

Vereador eleito pelo Movimento Acreditar Covilhã viabilizou delegação de competências e contratualização de avenças que garantem «total carta-branca» para executivo socialista governar

O Movimento Acreditar Covilhã (MAC) decidiu retirar a confiança política a Nelson Silva, um dos dois vereadores eleitos para o município como independentes, a par de Pedro Farromba, depois de o antigo líder da bancada do PS na Assembleia Municipal no último mandato ter viabilizado propostas da maioria socialista. Em causa, estão três pontos, sendo a delegação de competências e a contratualização de avenças os que suscitam maior polémica.

Num comunicado enviado às redações, o MAC realça que na reunião do executivo realizada no passado dia 6, o número dois da lista apresentada pelo movimento independente, «sem que nada o fizesse prever», votou favoravelmente a delegação de competências, contratualização de avenças e a nova localização do Espaço das Idades (que a partir de janeiro vai funcionar no Sporting Shopping Center), «em total discordância com as indicações» do Movimento, «tendo como único objetivo viabilizar estas três propostas» que «anteriormente tinham merecido, da sua parte, e por duas vezes, voto contra». De acordo com o MAC, a aprovação da delegação de competências e a contratualização de avenças dão ao executivo socialista «total carta-branca para governar como se de uma maioria absoluta se tratasse, pois, como resultado da votação», a equipa liderada por Vítor Pereira «passa a tratar estas matérias como bem entender, por deixar de estar obrigado a discuti-las em sede de reunião de Câmara». Neste sentido, o MAC reuniu no passado dia 10 «por forma a discutir a atual situação política que decorreu da tomada de posição» de Nelson Silva e concluiu que os votos favoráveis do vereador visaram «não só satisfazer interesses partidários relacionados com as próximas eleições da concelhia da Covilhã do PS, bem como, teve subjacentes assuntos de relevante interesse pessoal, que se prendem, nomeadamente, com a recente promoção de um seu familiar, funcionário do município». O INTERIOR sabe que a funcionária em causa se trata de Anabela Gonçalves, esposa de Nelson Silva, que foi promovida a chefe de Divisão.

Os votos favoráveis do eleito independente foram «objeto de votação em assembleia» do MAC que decidiu «por unanimidade exigir» a Nelson Silva «que entregasse o seu lugar de vereador» ao movimento de cidadãos, para que «desta forma, respeitasse a vontade dos eleitores que o elegeram», frisa o comunicado. O mesmo documento salienta que «foi por todos defendido que não se pode, em caso algum, usar os votos que os covilhanenses nos confiaram para defender interesses partidários ou pessoais», daí que o MAC defenda que o ato do vereador Nelson Silva constitui «uma traição a todos os que se revêem neste movimento». Contudo, é escrito que o eleito «mostrou-se irredutível e num inominável apego ao lugar afirmou que iria manter-se em funções», sendo que «este tipo de gincana política e de hibridismo intelectual não se coaduna com os valores que o MAC sempre defendeu», considerando que «esta postura de arrogância denota uma enorme falta de espírito democrático, bem como uma retorcida espinha vertebral digna de um boy partidário, camuflado». Deste modo, foi tomada, «por unanimidade», a decisão de retirar a confiança política ao vereador Nelson Silva com o MAC a deixar a «garantia» de que manter-se-á «plural e democrático, tendo por base os mesmos valores e orientações que sempre nortearam a sua intervenção cívica e política». Contactado por O INTERIOR, Nelson Silva remeteu comentários para «tempo oportuno, em princípio» para esta semana. Já no final da reunião de dia 6, o vereador justificou a sua tomada de posição como uma «divergência de opinião» em relação a Pedro Farromba, sustentando que «sempre me considerei mais um tecnocrata do que um político» e que «o meu sentido e a minha responsabilidade são sempre na defesa intransigente naquilo que acho que são os interesses da Covilhã».

Em julho, na altura em que apresentou Nelson Silva para número dois da sua lista, Pedro Farromba justificou-a com o facto de se conhecerem «há quase 30 anos, estivemos politicamente separados na forma mas nunca no objetivo. Falámos muito nos últimos meses sobre este projeto autárquico, o que nos unia e a forma de o otimizarmos».

Ricardo Cordeiro Longe vão os tempos em que os dois vereadores independentes falavam a uma só voz

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