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Indefinição na colocação de professores mantém-se

Secretário de Estado da Administração Educativa assinalou na Covilhã o primeiro dia oficial do ano lectivo e garantiu a abertura das escolas até hoje

A lista definitiva da colocação de mais de 50 mil professores continuava na última terça-feira, à hora do fecho desta edição, por divulgar, apesar de ter sido garantido pelo Governo que a listagem estaria pronta até à última segunda-feira. Tal não veio a acontecer devido a «problemas técnicos». Apesar de todos os atrasos que se têm verificado este ano na colocação dos professores, o secretário de Estado da Administração Educativa, José Manuel Canavarro, está convicto que «no final de Setembro será possível fazer um balanço muito positivo» da abertura do ano escolar 2004/2005.

Em visita a algumas escolas do distrito de Castelo Branco no primeiro dia oficial deste ano lectivo, no passado 16 de Setembro – onde teve a oportunidade de visitar a nova escola da Barroca Grande, nas Minas da Panasqueira, e a renovada escola primária de Santo António na Covilhã -, o governante mostrou-se bastante satisfeito por ter verificado que uma grande parte das escolas «conseguiu» abrir. Reconheceu, no entanto, as «dificuldades» de muitas outras escolas por ainda não haver professores para os quadros e horários disponíveis. «Os dados que tínhamos ontem, relativamente à possibilidade de hoje [dia 16] as escolas estarem abertas e a funcionar, apontavam para um número ligeiramente superior aos 50 por cento», assegurava, reconhecendo no entanto o «atraso muito grande» registado este ano na colocação de professores. «Ainda estamos a dois terços do jogo e no final veremos. Creio que ainda vai ser possível recuperar do atraso e ter no final um ano lectivo de qualidade», acrescentou, enquanto garantia aos jornalistas que no dia 20 as listas saíram definitivamente para que «entre 16 e 23 de Setembro [data apontada para a abertura do ano lectivo] as escolas possam abrir na normalidade possível».

Já o Sindicato dos Professores da Região Centro (SPRC) discorda deste optimismo, considerando que há um «grande número de situações muito difíceis de resolver» devido à indefinição da situação de mais de cinquenta mil docentes. Segundo dados daquele sindicato enviados à comunicação social, faltam docentes nas escolas dos concelhos de Belmonte, Covilhã, Fundão, Castelo Branco e Oleiros, o que tem impedido a abertura das escolas e jardins-de-infância. Para o sindicato, o atraso na colocação de professores foi uma «tentativa deliberada de prejudicar o normal funcionamento das escolas públicas». Primeiro, acusam a ministra Maria do Carmo Seabra e o seu antecessor, David Justino, de terem lidado «de forma desastrada» com os concursos e colocações de professores ao terem atrasado logo o primeiro período de candidaturas. «Um processo que se iniciou apenas em Março, registando já na altura um atraso de cerca de mês e meio que aumentou até cerca de três meses devido a uma secessão de erros», lê-se no comunicado. Segundo, por ter havido «atrasos na colocação de pessoal auxiliar, cortes no financiamento das escolas», cujas verbas deveriam ter aumentado por terem passado a agrupamentos e, ainda, por terem lançado «sem qualquer preparação» a revisão curricular no ensino secundário, acusa o SPRC.

Também o Sindicato de Professores da Zona Centro (SPZC) aponta o dedo à «irresponsabilidade e incompetência» dos serviços que gerem a vida de milhares de docentes. Para o sindicalista Carlos Costa, o Ministério da Educação deveria «ter tido a coragem e o bom senso de propor outro período» para a abertura do ano lectivo. O secretário de Estado José Manuel Canavarro rejeita as críticas de «incompetência» proferidas pelos sindicalistas, dizendo que o ministério tem estado a «trabalhar muito» para resolver os problemas.

Liliana Correia

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