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Inconseguimentos

Entrementes

«O meu medo é o do inconseguimento, em muitos planos: o do inconseguimento de não ter possibilidade de fazer no Parlamento as reformas que quero fazer, de as fazer todas, algumas estão no caminho; o inconseguimento de eu estar num centro de decisão fundamental a que possa corresponder uma espécie de nível social frustacional derivado da crise» (Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República)

Pronto, até que enfim!… Inconseguimos.

Zé Portuga que se preze e tenha um mínimo de vergonha na cara é assim. Inconsegue. E quando não inconsegue fica num estado frustacional que só visto. Aliás, mais que num estado frustacional, fica num estado depressional só comparável ao estado depressional do anticiclone dos Açores quando nos falha.

Pois, meus caros leitores, é assim o meu estado hoje. Depois de lidas as declarações que acima se transcrevem sinto que o meu estado entusiasmacional se encontra pelas ruas da amargura. Digamos que é assim uma espécie de estado amarguracional que me leva a inconseguir dormir devidamente e num estado confortacional que se exige das noites descansadas.

Ora prende-se este estado de inconseguimento no reconhecimento de quão longe estou da capacidade demonstrada pela senhora presidente da Assembleia da República, a segunda figura do Estado acrescente-se, para, num estado imaginacional absolutamente louvável, desatar a criar neologismos que só enriquecem a nossa vetusta língua. Devemos todos prestar-lhe a mais que merecida vénia. Mais, proponho, desde já, que seja feito um abaixo-assinado para propor a senhora presidente para a cátedra maior da melhor faculdade de línguas. Esta senhora merece, não haja a menor das dúvidas. Pelo menos eu não entro no lote desses que vivem nesse estado duvidacional. Estou, aliás, nos antípodas desse estado. Hoje por hoje vivencio um estado certezacional que me leva a afirmar que melhor lente não poderia haver para ensinar o que é isso da língua portuguesa. Este poderá mesmo designar-se por um estado portugacional que luta denodadamente contra os inconseguimentos que ainda não conseguimos superar. É urgente que entremos nesse estado superacional para finalmente atingirmos o estado conseguicional que nos leve ao limbo que ambicionamos. Isto pese embora o estado crisecional que vivemos e que nos quer conduzir depressionadamente ao consultório de um psiquiatra.

Não percebeu patavina deste arrazoado o leitor?… Pois aguente-se como eu ao ler as pérolas debitadas pela senhora presidente da Assembleia da República. Tenho para mim que aquilo só pode ser dos ares que por lá se respiram pelo que, não vá o diabo tecê-las, o melhor será nem sequer por lá passar perto…

Por: Norberto Gonçalves

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