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Hospital da Guarda com falta de sangue

Nos meses de verão, há menos dadores disponíveis e os “stocks” diminuem a olhos vistos

O distrito da Guarda, à semelhança de outros em Portugal, padece de uma “doença”: há cada vez menos sangue disponível para emergências nos hospitais. O problema torna-se mais grave nos meses de verão, já que «as pessoas estão de férias e ficam menos disponíveis para doar», alerta a presidente da Associação Distrital de Dadores de Sangue.

Amélia Manso, que também trabalha nesta área no Hospital Sousa Martins, explicou a O INTERIOR que esta «é uma fase terrível» e os bancos de sangue enfrentam uma «situação complicada», à qual a Guarda não tem conseguido escapar. «Coimbra é o centro que nos fornece e tem falta de sangue, consequentemente a nossa cidade também acaba por ter», esclarece, acrescentando que os casos mais complicados têm a ver com «o 0 negativo, um tipo de sangue que, além de ser mais raro, pode ser doado a todos os outros grupos sanguíneos, mas só pode receber do seu próprio tipo». Ainda assim, a responsável ressalva que «as cirurgias urgentes não deixam de se fazer por falta de “stock”», já que o Instituto Português do Sangue se «responsabiliza por essas situações», garantindo uma reserva para emergências, especialmente quando se trata de casos em que a pessoa corre risco de vida. No entanto, Amélia Manso reconhece que enfrenta diariamente a frustração de pedir a Coimbra «cerca de quatro unidades de sangue» e de receber apenas «duas ou três, no máximo».

A divulgação e o apelo às populações é um dos caminhos que a Associação de Dadores de Sangue do Distrito da Guarda tem seguido. Mas o sucesso é lento. «Tem de ser devagar, porque ainda há muitos medos e mitos. Até mesmo entre os mais jovens, notamos que não é fácil levá-los a doar», admite. Numa “brigada” de recolha, realizada na semana passada em Aldeia da Ponte (Sabugal), Amélia Manso constatou que este «ato de cultura» ainda não reúne “adeptos” suficientes. «A população foi alertada e o que é certo é que não aderiu. Esta foi a segunda vez que tentámos na região da Raia e percebemos que ainda existem muitas desconfianças relativas à dádiva de sangue», lamenta a responsável. No encontro com as populações, chega mesmo a deparar-se com situações que não esperava. «Apesar da associação disponibilizar transporte, tive um caso de uma pessoa que me disse que não doava porque tinha estado a trabalhar e que, mesmo que não estivesse, não o faria, pois a brigada estava noutra terra», refere.

Apesar do cenário ser cinzento, Amélia Manso reconhece que – em comparação com anos anteriores – notou-se uma evolução na dádiva. «Já aumentámos muito o número de unidades recolhidas, de brigadas e de colheitas. É uma grande satisfação ver que este ano de luta valeu a pena, porque mesmo que às vezes só consigamos um dador novo, já é uma vitória», considera. Para desfazer dúvidas e levar mais gente a participar na dádiva de sangue, a associação está «empenhada em continuar o trabalho de divulgação». De acordo com a presidente, haverá uma brigada em Setembro no Centro de Emprego – à semelhança do que já aconteceu anteriormente – por ser «um lugar onde a faixa etária dos 30-40 costuma estar mais recetiva». «Queremos ainda ir para localidades novas, como Gonçalo ou Famalicão, e apostar nas ações de informação e nos seminários em escolas primárias e liceus também», promete Amélia Manso.

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