O Ministério da Saúde já deu luz verde à contratação de novos médicos para o Centro Hospitalar da Cova da Beira, que tem 19 vagas, e para a ULS da Guarda, onde foram abertos 13 lugares.
Se é verdade que há muito se esperava que a tutela autorizasse a contratação de mais médicos para os hospitais do interior, também é verdade que, ciclicamente, os respetivos concursos costumam ficar desertos. Para evitar esse desfecho, na passada semana, o Ministério da Saúde abriu vagas para 1.234 médicos recém-especialistas nos hospitais públicos, nos centros de saúde e na área da saúde pública. E dessas, 150 são reservadas à colocação de médicos em zonas carenciadas (interior e Algarve).
De acordo com a informação publicada no “Diário da República” na quinta-feira, ao Centro Hospitalar Cova da Beira (CHCB) poderão chegar 19 novos médicos, distribuídos pelas seguintes especialidade: Anestesiologia (2), Cirurgia Geral (1), Endocrinologia e Nutrição (1), Hematologia Clínica (1), Imuno‐hemoterapia (1), Medicina Interna (4), Medicina Nuclear (1), Nefrologia (1), Oftalmologia (1), Oncologia Médica (1), Ortopedia (1), Otorrinolaringologia (1), Patologia Clínica (1), Psiquiatria (1) e Reumatologia (1). No caso da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, há 13 vagas a concurso: Cardiologia (2), Cirurgia Geral (1), Gastrenterologia (1), Medicina Interna (2), Oftalmologia (1), Ortopedia (1), Radiologia (1), Saúde Pública (1) e Medicina Geral e Familiar (3). Das vagas abertas, 11 terão direito a incentivos do estado no caso do CHCB e três no caso da ULS da Guarda.
Segundo a administração hospitalar guardense, Ortopedia, Cardiologia, Oftalmologia, Radiologia, Anestesiologia, Urologia e Ginecologia/Obstetrícia são «as especialidades mais carenciadas», pelo que a possível chegada de mais treze clínicos «será um bom contributo para garantir a acessibilidade em tempo adequado aos cuidados clínicos, assim como à formação de equipas de Urgência» no Hospital Sousa Martins. Mas este reforço será ainda «insuficiente para as necessidades globais» da ULS, sublinha a administração, numa resposta escrita enviada a O INTERIOR. No documento lê-se também que os apoios aos médicos que optem por vir para a Guarda serão «insuficientes», embora se reconheça que os já anunciados são «úteis». De resto, a ULS salienta que na unidade hospitalar da Guarda existem «boas condições para a participação dos novos profissionais em atividades de formação e de investigação, o que deve constituir outro motivo aliciante para um jovem médico se fixar» por cá, argumentam.
Mais otimista está Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, pois das 1.234 vagas disponíveis a nível nacional, 264 são para unidades de saúde da região. «Com a contratação destes novos profissionais, conjugada com a atribuição de incentivos à fixação em zonas carenciadas, será reforçada, de forma substancial, a resposta ao nível dos cuidados hospitalares e cuidados de saúde primários na região Centro», destaca a ARS. Relativamente aos incentivos para motivar os médicos a fixarem-se nas chamadas zonas carenciadas, já não são de agora. Apareceram em 2015, com uma remuneração acrescida em 40 por cento, mas o impacto foi mais reduzido que o esperado. Este ano, os médicos que aceitem vir para o interior, ou para a região do Algarve, irão receber cerca de 36 mil euros brutos por um contrato de três anos. Acrescem ainda dias adicionais de férias, 15 dias por ano para formação e um regime preferencial de colocação dos cônjuges.
Câmara da Guarda disponibiliza habitação para médico
A ULS da Guarda solicitou à Câmara apoio para a fixação de um novo oftalmologista no Hospital Sousa Martins, proporcionando-lhe «condições favoráveis» em termos habitcaionais. Esse apoio passa por arrendar por um valor «muito abaixo do preço do mercado» uma habitação propriedade da autarquia, explicou o vice-presidente da Câmara. Segundo adiantou Carlos Chaves Monteiro, a renda proposta foi de 100 euros por um T2, mas o médico ainda não decidiu se aceita ou não.
Ana Eugénia Inácio