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Homem de 45 anos feriu oito familiares no Ferro

Um homem de 45 anos, solteiro e construtor civil, alvejou no final da tarde do último sábado oito pessoas com uma caçadeira automática. O tiroteio sobre alguns familiares deu-se por volta das 18h30 na localidade das Rasas, na freguesia do Ferro (Covilhã) – uma zona predominantemente de quintas e terrenos agrícolas – numa altura em que estes se encontravam reunidos para uma matança do porco.

Desavenças relacionadas com disputas de partilhas, limites de terrenos e de captações de água deverão ter estado na origem deste acto, do qual resultaram quatro feridos graves e outros quatro ligeiros, com idades entre os 15 e os 52 anos. Até à última segunda-feira, encontravam-se ainda hospitalizadas duas pessoas no Hospital Pêro da Covilhã, mas sem gravidade, e uma outra no Hospital de Coimbra por ter sido atingida num olho.

António Esteves Semblante, o autor dos disparos, entregou-se «prontamente» à GNR da Covilhã assim que estes chegaram ao local, por volta das 19 horas. O indivíduo encontrava-se «exaltado» no meio da Estrada Municipal 506 – que liga o aeródromo da Covilhã ao Ferro – tendo-se entregue «sem resistência» às autoridades e «assumindo-se como o autor dos disparos», contou o comandante David Martins. O agressor foi apresentado na última segunda-feira ao juiz da comarca do Tribunal do Sabugal, estando agora a aguardar em prisão preventiva no Estabelecimento Prisional da Covilhã. O caso está a ser investigado pela Polícia Judiciária da Guarda.

O agressor era tido pelos vizinhos como uma «pessoa violenta» e, segundo contam testemunhas do tiroteio, apanhou as pessoas desprevenidas e pelas costas, atingindo com vários tiros a irmã, o cunhado, os dois filhos do casal e outros parentes. Possuía uma caçadeira automática e um cinto com vários cartuchos. «Nem o INEM escapou», disse a “O Interior” Luís Rodrigues, que assistiu ao tiroteio através da sua casa. Depois de ter atingido os familiares, «pôs-se a andar para trás e para a frente, entre os terrenos, aos tiros», acrescenta, adiantando que se refugiou em casa para não ser também atingido. É que também já tinha sido ameaçado pelo agressor por causa dos limites de terrenos contíguos. «Se me visse, também disparava contra mim. Já estava perdido e tanto lhe fazia atirar em mais pessoas», acrescenta este vizinho, revelando ter contado «pelo menos, 27 disparos». Mas «foram mais», garante, pois «já tinha havido disparos antes». Para Luís Rodrigues, este acto não foi uma surpresa, pois «há muito que ele vinha ameaçando» os familiares e os vizinhos. Era mesmo uma «coisa antiga», revela, acrescentando ainda que «ninguém o topava» por ser uma «pessoa violenta». «Os familiares não se falavam e o caso das partilhas estava já em tribunal», acrescenta.

Surpreendido ficou um casal que vive mesmo em frente à casa onde se deu os disparos. «Não esperávamos isto», salienta este vizinho visivelmente consternado, que não se quis identificar. Já uma outra vizinha, e prima da mãe do agressor – com quem este vivia – afirmou estar incrédula com o acto. «Connosco [referindo-se também ao marido] nunca houve problemas. Só pode ter sido um acto de loucura. De certeza que lhe deu alguma coisa na cabeça para fazer aqueles disparates», especula Maria Jesus Sebastião.

Liliana Correia

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