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Hoje

Bilhete Postal

Só hoje é que me parece ser possível. Só hoje me lembrei. Só vi hoje a tua mensagem. De hoje não passa. Se não é hoje, nunca mais. E se hoje fosse gente era mais fácil, mas hoje é uma quarta dimensão que coloca as outras três num tempo. Hoje não é amanhã mas hoje pode ser manhã e tarde. “Até à noite” quando formos jantar ainda é hoje. Só não gosto que hoje seja “tarde demais”. Hoje escrevo para O INTERIOR que sai quinta-feira e sei que se não escrever e mandar, não saio. Hoje vamos ao teatro, hoje vamos jantar num lugar especial. Deste modo hoje chega amanhã e depois. Um hoje forte torna-se futuro e permanece. O hoje do casamento é para sempre, mesmo que aquele acabe. O hoje da morte de ente querido é para calendário. Lá lembraremos o hoje dentro de três anos. E recordamos os hoje em que acabamos o curso, em que nascem os filhos, em que nos deram um anel de ouro, onde nos homenagearam o trabalho, onde nos despediram, em que nos envergonharam em público. Hoje quando chegar o artigo ao Luís sei que ele sairá depois. Assim, o meu hoje dura até sair o jornal e enquanto não publicarem o próximo. Foi hoje que elegeram alguém. Foi hoje que mataram um Presidente. Hoje senti-me doente. Ok, serve este artigo para explicar a importância do presente. Se não deram conta os hoje refletem-se depois e merecem ser vividos e partilhados. Obrigado.

Por: Diogo Cabrita

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