Recebi alguns mails que enviavam convites do site Hi5. A ideia seria participar de uma lista de amigos que se perscrutam na Internet. Fiquei durante meses, ou talvez anos perplexo com a coisa. Isto de ter fotos nossas na net é narcisismo – pensei. Eles dizem que é partilha. Mas é uma partilha do menor que temos porque é a imagem. Mas não tem de ser só a imagem, podes partilhar os teus gostos, as tuas ideias, as tuas músicas, responderam. No Hi5 podes partilhar-te e ficar à mercê de todos os que te queiram transportar electronicamente. É como editar um livro, vai pela mão de todos os que te compram, ou como um disco, que quem quer ouve e quem quer partilha. Parecia-me um exercício narcísico como abrir uma página, um site. Parecia-me uma exposição gratuita e obcecada do eu. Mas se editei livros e discos e se me expus em tantas situações porque não editar-me ali também? Questionei-me muitas vezes e fui visitar páginas de muita gente. No Hi5 há de tudo e sobretudo há um mundo de pessoas fantasia, e um mundo de realidades boas e más. Há grafismos eloquentes, coisas sensuais e gente tímida que se expõe e pessoas incultas que se desnudam, e mentes brilhantes que partilham. E descobri essa diferença. A partilha é a entrega de saberes que vamos tendo, o eu que ouve, o eu que conversa, o eu que lê, o eu que não cabe todo dentro de nós. Depois há essa coisa da exposição, essa coisa de ser a montra de um corpo só, ou de um ser que é pouco. Tudo cabe no Hi5, e em sites semelhantes. E tudo se pode partilhar como se fosse a página de mim um motor de busca para ti. Quero mostrar-te o mundo que me fascina. Foi ontem que conversei com vários amigos sobre esta coisa estranha e foi hoje que me entreguei a esta pesquisa e foi agora que estas confabulações me englobaram na forma de um artigo de jornal. Afinal estas crónicas são Hi5 do meu pensamento.
Por: Diogo Cabrita