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Helicóptero do INEM de Aguiar da Beira deixa de voar à noite

Os três meios aéreos sediados no interior do país têm meia saída por dia, uma média reduzida para os custos envolvidos, segundo o Instituto de Emergência Médica

O helicóptero do INEM sediado em Aguiar da Beira poderá deixar de trabalhar à noite devido à sua reduzida atividade. Segundo o presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica, a decisão será tomada até ao final do ano.

Em entrevista à agência Lusa, Miguel Soares de Oliveira referiu que a continuidade do serviço 24 horas por dia também pode ser interrompido em Macedo de Cavaleiros e Loulé, continuando apenas em Lisboa e Porto. No seu conjunto, estes cinco helicópteros custam dez milhões de euros por ano, pelo que «é preciso olhar para o atual mapa dos helicópteros e perceber se a realidade da sua atividade está de acordo com aquilo para o qual foram concebidos», disse o responsável. Atualmente, os especialistas reconhecem que os três meios aéreos referidos não estão a realizar os serviços que deveriam, nomeadamente à noite e devido a dificuldades várias como a visibilidade ou as condições atmosféricas que limitam a sua atuação. «Em média, efetuam meia saída por dia, o que representa uma baixa eficiência a gastos grandes», refere o presidente do INEM.

Na sua opinião, a oferta dos cinco helicópteros deve continuar, pois «a realização de missões primárias, nomeadamente nas regiões do interior, têm sido uma mais valia para a população». Assumiu, por isso, que, «enquanto pudermos, vamos sustentar este serviço». Mas avisou: «Nas horas em que a sua utilização é mínima e o seu custo muito alto, há claramente que olhar bem para isto e decidir se o país deve estar a pagar algo que não tem a utilidade necessária ou se deve alocar esse dinheiro a outro projeto mais útil». Miguel Soares de Oliveira adiantou que os helicópteros médios, estacionados em Lisboa e no Porto para transporte primário (do local do sinistro para o hospital) e secundário (entre unidades de saúde) de doentes, custam dois milhões de euros por ano. Já os ligeiros, que efetuam apenas transporte primário, custam anualmente 1,8 milhões de euros e entraram em funcionamento a 1 de abril do ano passado.

Confrontado com esta eventualidade, o autarca da Câmara de Aguiar da Beira anunciou ter já solicitado uma reunião com o presidente do INEM. «Vamos esperar que haja bom senso e que todos os intervenientes neste processo fossem ouvidos antes de se tomarem decisões», afirma Fernando Andrade. Na sua opinião, acabar com o serviço noturno será «penalizar mais as regiões mais carenciadas do país, nomeadamente esta onde opera o helicóptero estacionado em Aguiar da Beira». Por isso, insiste que «é preciso encontrar a melhor solução para podermos continuar a dar a melhor resposta aos cidadãos abrangidos». A base do INEM de Aguiar da Beira, que inclui a aeronave e uma ambulância tripulada, iniciou serviço a 1 de março deste ano, após a conclusão dos trabalhos de adaptação da helipista local. A decisão de sediar na vila – mas também em Loulé e Macedo de Cavaleiros – helicópteros de emergência médica foi anunciada em Novembro de 2008, no âmbito da reorganização da rede de urgência e emergência. Em contrapartida, fechou o Serviço de Atendimento Permanente (SAP) local. A base serve concelhos dos distritos da Guarda, Viseu e Vila Real.

Bombeiros podem ser alternativa

A Liga dos Bombeiros Portugueses manifestou esta semana disponibilidade para, através do reforço da rede de postos de emergência (PEM) nos seus quartéis, ser uma alternativa aos helicópteros do INEM que podem deixar de voar de noite.

Em comunicado, divulgado na segunda-feira, a LBP lembra que quando o INEM decidiu alargar a presença dos “helis”, os bombeiros, «com menores custos e mais eficácia», propuseram o alargamento da rede de PEM através da cedência de mais ambulâncias de socorro a sediar nos seus quartéis, e correspondente aposta na formação dos seus operacionais. «Os bombeiros continuam a defender a necessidade de repensar a lógica das ambulâncias de suporte imediato de vida (SIV) e também a manutenção e eventual reforço do número de viaturas médicas localizadas nos hospitais locais, particularmente no interior do país», sustenta a Liga. Em 2009, no âmbito do grupo de trabalho para a criação faseada da Rede Nacional de Ambulâncias de Socorro (RNAS), a LBP propôs ao INEM a criação de mais 180 PEM, 80 em 2009, 40 em 2010 e 60 em 2011.

Na altura, defendeu que, no futuro, cada concelho deveria dispor de, pelo menos, um posto PEM, bem como cada associação ou corpo de bombeiros com mais de quatro acionamentos diários de emergência pré-hospitalar. Para o efeito, seria tida em conta a localização dos PEM face aos grandes eixos rodoviários e à necessidade de evacuação de acidentados ou doentes considerados urgentes ou emergentes em zonas com deficiente cobertura atual. Atualmente, das 525 ambulâncias do INEM, 399 estão atribuídas aos bombeiros, 78 ao próprio INEM e 48 à Cruz Vermelha (CVP). Em termos percentuais, as ambulâncias INEM atribuídas aos bombeiros cobrem cerca de 80 por cento da totalidade das intervenções pré-hospitalares, os meios próprios do INEM satisfazem mais de 14 por cento e a CVP perto de 9 por cento.

Luis Martins Base do INEM entrou ao serviço em março e serve vários concelhos dos distritos da Guarda, Viseu e Vila Real

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