A partir de sábado, o helicóptero de combate a incêndios regressa à cidade e vai ficar estacionado na helipista do Hospital Sousa Martins até 30 de Setembro. A nova fase (“Charlie”) do dispositivo de Defesa da Floresta Contra Incêndios traz mais meios humanos, técnicos e aéreos. E ainda mais equipamento de protecção individual. Está tudo a postos para o período de maior risco de fogos.
O dispositivo contará com 22 corpos de bombeiros, 46 equipas de combate a incêndios, 10 equipas logísticas de apoio ao combate, 16 elementos de apoio logístico, três equipas helitransportadas (Aguiar da Beira, Guarda e Seia) e oito comandantes de permanência às operações, o que dá um total de 304 elementos equipados com 64 veículos. E ainda quatro equipas do Serviço de Protecção da Natureza e do Ambiente da GNR, cinco equipas do Núcleo Florestal da Beira Interior, cinco equipas de vigilantes da natureza do Instituto de Conservação da Natureza, 24 equipas de sapadores florestais, 10 equipas de vigilantes das Câmaras, o que perfaz um efectivo de 267 elementos distribuídos por 48 veículos. Quanto aos meios aéreos, vão actuar segundo uma mudança de estratégia no combate aos fogos: «Pretende-se que os helicópteros despendam menos tempo em fogos de grande envergadura, ficando assim com mais tempo disponível para o ataque inicial», justifica o comandante operacional distrital, António Fonseca. Desde 7 de Junho que dois aerotanques pesados estão a operar a partir de Seia.
Nos próximos dias, as corporações vão ser reforçadas com equipamento de protecção individual. «Só ainda não chegou porque as empresas não têm disponibilidade imediata para fornecer o material por causa das muitas encomendas», refere. Os corpos de bombeiros com 10 elementos das equipas de ataque inicial irão receber, para reforçar o equipamento que já possuem, «10 capacetes, 20 cógulas, 20 pares de botas, 40 dólmens, 40 pares de calça e 20 pares de luva», exemplifica o comandante operacional, para além de um abrigo florestal. Desta vez, até o próprio material é diferente. «Não é de algodão, mas de uma fibra mais resistente ao fogo, normalmente utilizada no combate a fogos urbanos e industriais». No total deverão ser distribuídas cerca de 300 peças de equipamento e 280 capacetes. O Governo disponibilizou 250 mil euros para a aquisição deste material, mas há ainda uma verba de 55 mil euros garantida pelo Governo Civil da Guarda. «Todas as associações vão receber novos equipamentos», assegura o responsável, permanecendo outros de reserva no CDOS. A “pedra de toque” desta época de incêndios vai ser «a melhoria da intervenção dos vários agentes», frisa António Fonseca.
Menos fogos
Desde o início do ano até 18 de Junho, o Centro Distrital de Operações de Socorro (CDOS) da Guarda registou menos de metade dos incêndios e menos um terço da área ardida do que no ano passado. Segundo os dados disponibilizados, entre 1 de Janeiro e 18 de Junho de 2005 registaram-se 518 incêndios, enquanto que este ano o número decresceu para 243. No ano passado arderam, no período homólogo, 1.980 hectares e em 2006 a área é de 583. Dos números apresentados, o CDOS destaca ainda, desde o início do ano, as 25 missões do helicóptero de Seia, uma detenção no concelho de Gouveia (Vila Nova de Tázem) e as 366 acções de vigilância da floresta. Para António Fonseca, os melhores resultados deste ano prendem-se com as «condições meteorológicas», mas acautela que «ainda é cedo para se avaliar a eficiência do dispositivo». O comandante operacional distrital alerta ainda que «muitos dos incêndios são de origem criminosa, mas a maior fatia fica a dever-se a negligência e aos descuidos das pessoas», pelo que recomenda «mais cuidado nos dias de calor».
Fernando Matos satisfeito com aumento de meios nas áreas protegidas
O coordenador nacional do Plano de Actuação do Instituto de Conservação da Natureza (ICN) 2006, Fernando Matos, está satisfeito com o aumento de meios para combate aos fogos nas áreas protegidas em Portugal.
«Nunca ninguém pode dizer que tem o que necessita, mas tem vindo a ser feito um esforço e os meios têm aumentado. Gostaríamos de ter muitos mais mas, por vezes, devido às condições meteorológicas, por mais meios que tenhamos não conseguimos fazer frente aos fogos», considerou. O também director do Parque Natural da Serra da Estrela falava durante uma reunião que juntou, na passada sexta-feira, em Rio Maior, representantes do Governo, do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil (SNBPC) e das áreas protegidas nacionais. Os parques e reservas nacionais – 22 por cento do território de Portugal – têm conseguido ainda «uma articulação cada vez maior a nível interno e com outras entidades distritais com competência na matéria», sublinhou Fernando Matos. Especificando os meios disponíveis para a fase crítica da época dos fogos, referiu que na “Fase Charlie”, de 01 de Julho a 30 de Setembro, haverá no terreno 19 viaturas e 36 elementos para equipas de protecção da natureza e 44 viaturas e 199 nas equipas de vigilâncias e primeira intervenção.
Patrícia Correia