Há muito que a troca de galhardetes marca as reuniões do executivo covilhanense. Desta vez, na última sexta-feira, os protagonistas foram Carlos Martins e Joaquim Matias, que colocou o lugar de vereador a tempo inteiro à disposição do presidente da Câmara.
Vítor Pereira rejeitou de imediato, explicando que «no dia de hoje mantêm-se os mesmos pressupostos que me levaram a convidá-lo para estar à frente do Urbanismo, bem como dos restantes pelouros que detém». O edil acrescentou que «se alguma vez entender que o senhor vereador não está a cumprir a missão, ou não é leal com o presidente da Câmara, iremos assumir essas consequências», tendo pedido ao eleito do PSD para que «continue a esforçar-se, assim como peço o mesmo aos restantes vereadores com pelouros para que nos unamos em torno dos superiores interesses dos covilhanenses». O episódio, que ocorreu na reunião pública do executivo, na sexta-feira, surgiu na sequência de uma questão levantada por Carlos Martins relativamente ao investimento da empresa Consplan num loteamento de casas pré-fabricadas junto ao Data Center.
Segundo o vereador do PS, «não estão concluídos todos os documentos para que a verba desse loteamento possa entrar nos cofres da Câmara Municipal», pelo que questionou Joaquim Matias, responsável pelo pelouro do Urbanismo, sobre qual o entrave avisando que «estas coisas quando param depois levam mais tempo até arrancarem outra vez». O social-democrata reagiu afirmando que «não contarão comigo para fazer despachos para que as verbas entrem ilegalmente nos cofres do município». E perguntou: «Como é possível querer-se cobrar uma taxa se ainda não há uma caução que salvaguarde o futuro para o município?». A discussão não se ficou por aqui e Carlos Martins voltou à carga com mais questões sobre o urbanismo: «É certo que todos nós tentamos fazer o melhor, mas nem tudo está bem nalguns serviços», insinuou numa indireta aos pelouros de Joaquim Matias. O vereador, que está a tempo inteiro desde janeiro de 2015 e é o garante de alguma estabilidade à maioria relativa do PS e de Vítor Pereira, não gostou e respondeu que quando o presidente «entendesse que não estou a servir o município me dissesse que não contava mais comigo. Também sempre disse que quando eu entender que não estou ao serviço do município e das pessoas vou-me embora, e por isso ponho nas mãos do senhor presidente da Câmara este lugar à disposição», disse o social-democrata.
Joaquim Matias acusou ainda Carlos Martins, na altura vice-presidente da Câmara, de ser contra a sua nomeação como vereador a tempo inteiro. Embora o ambiente vivido no seio do executivo covilhanense não seja o mais saudável, Vítor Pereira reitera que «não temos que ser amigos uns dos outros, mas temos de nos entender naquilo que nos une». O diferendo está sanado, por enquanto.
PSD rompe acorde com PS na Câmara
No mesmo dia o PSD Covilhã realizou um reunião extraordinária de onde saiu a decisão de romper acordo de incidência governativa assinado com o PS na Câmara Municipal.
O presidente da concelhia disse que o mesmo «deixou de ter sentido», uma vez que «os pressupostos que levaram à assinatura do acordo de incidência governativa com o PS já não se verificam». As «querelas internas foco de desestabilização constante» que se vivem no executivo municipal motivaram esta decisão, referiu Marco Batista. O líder foi mais longe e referiu que «os princípios de lealdade institucional ficaram feridos de morte, existindo um desrespeito claro pelos pressupostos assinados no acordo de incidência governativa». Para a concelhia social-democrata, o município está atualmente perante «uma desorganização interna nos serviços, expressa na falta de estratégia existente e na deriva constante na gestão do PS».
Ana Eugénia Inácio