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Guerra das audiências, ou escravatura do séc. XXI?

Todos sabemos os benefícios que nos tem trazido o progresso e as novas tecnologias, visto que as utilizamos diariamente.

Mas, como tudo na vida, tem o reverso da medalha! A televisão é, sem dúvida, uma das invenções que mais impacto teve na sociedade no século XX. (…) Mas a verdade é que apesar de servir de companhia a muitas pessoas que vivem sozinhas e conhecermos o mundo inteiro através dela sem sairmos de casa, também tem o seu lado negativo.

Tirou às famílias o tempo para dialogarem. Porque muitas vezes só se juntam na hora das refeições, que passam o tempo a ouvir e ver o noticiário onde, por vezes, há notícias que nos tiram o apetite – mas não passamos sem elas. No entanto, a guerra de audiências entre os vários canais é, para mim, o mais chocante. Oferecem dinheiro, prémios, mas acima de tudo oferecem fama e protagonismo.

De tal maneira são aliciadas que muitas pessoas se deixam “escravizar”, física e psicologicamente, só para entrarem em certos programas em que são humilhadas, mal tratadas, só para terem o seu momento de efémera “glória”. Não importa se, para isso, perdem a sua privacidade, dignidade, obedecendo a ordens brutais que vão contra os princípios de qualquer ser humano.

Mas não importa… Já tiveram o seu momento de glória!

Infelizmente não faltam candidatos a esses programas. Ao ponto de um filho incriminar o pai, e este colaborar, só para o filho ter o seu momento de glória, estando embora inocente, como veio agora dizer.

Há famílias destruídas só porque um dos elementos entrou nesses programas. Há tentativas de suicídio porque não sabem lidar com a situação cá fora. Mas a verdade é que não lhes faltam audiências. Há quem diga que cada povo tem o que merece. Será que as novas gerações não merecem melhor que isto?

Carminda Escaleira Rodrigues, Guarda

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