João Casanova é natural da Guarda, onde estudou até ao 12º ano, e licenciou-se em Medicina na Universidade de Lisboa. Agora, com 34 anos, foi selecionado, entre candidatos de todo o mundo, para integrar um programa de subespecialização no Memorial Sloan-Katteing Cancer Center, em Nova Iorque. É o primeiro português a trabalhar naquela unidade.
Trata-se de um Centro Oncológico privado, o maior e o mais antigo do mundo, fundado em 1884, e considerado o melhor hospital de tratamento de cancro nos Estados Unidos. A poucos dias de partir para Nova Iorque, onde vai permanecer durante dois anos, o jovem médico ainda nem acredita que foi mesmo o escolhido, mas confessa ser um grande orgulho: «O hospital é um dos mais conceituados internacionalmente, com um corpo clínico que é líder em termos de inovação e resultados cirúrgicos, ao mesmo tempo que desenvolve uma atividade científica muito intensa», adianta João Casanova. Mas este não é um sonho recente do guardense, que sempre soube que, independentemente da área em que se especializasse, o futuro passaria pela Oncologia e o Sloan-Kettering Cancer Center era um dos seus objetivos. «Foi um processo longo, uma vez que para exercer medicina nos EUA é necessário realizar e aprovar alguns exames», revela o especialista.
Aliás, até ser o escolhido, o clínico teve que realizar um conjunto de exames «bastante complexos» que abrangem todo o curso de Medicina e posteriormente foi entrevistado em Nova Iorque pelos futuros colegas. A partir de julho, João Casanova vai integrar os trabalhos do Centro Oncológico novaiorquino e poderá participar nas atividades científicas do serviço, o que passa também pela publicação de artigos científicos e pela realização de trabalhos de investigação. E as suas expetativas são elevadas. Um dos «objetivos primordiais» é a aquisição de competências cirúrgicas novas, assume, isto porque o Memorial Cancer Center é pioneiro em várias técnicas, como a cirurgia robótica ou a cirurgia complexa do cancro do ovário, áreas que despertaram a atenção de João Casanova, para quem «aprender com alguns dos melhores cirurgiões do mundo é incrivelmente aliciante».
Além disso, poder juntar o lado mais prático da Medicina ao lado mais académico é a “cereja no topo do bolo”, sublinha o guardense. Quanto ao seu futuro e ao que fará quando terminar a passagem pelos EUA, o jovem clínico tem uma certeza. «A ideia é sempre voltar a Portugal para aplicar os conhecimentos adquiridos e criar redes de colaboração entre os diferentes hospitais», garante, acrescentando que este é um dos objetivos do programa que vai integrar. João Casanova terá sido o primeiro português a candidatar-se ao programa de Ginecologia Oncológica. Neste momento existe apenas um médico da especialidade em Portugal que já integrou o mesmo programa nos Estados Unidos e exerce atualmente na Fundação Gulbenkian, mas é de nacionalidade estrangeira.
Ana Eugénia Inácio
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