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Guarda quer atribuir um médico de família a cada utente até final do ano

Sub-Região de Saúde pretende eliminar 2.307 utentes duplicados e 2.055 falecidos dos cadernos dos centros de saúde do distrito

A Guarda é uma das seis Sub-Regiões de Saúde do Centro que pretendem dar a todos os utentes um médico de família até ao final deste ano. Esta intenção foi anunciada recentemente por Fernando Andrade, presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) do Centro, numa medida que é considerada «positiva» por Emília Pina, coordenadora da Sub-Região de Saúde da Guarda.

Neste momento, o distrito apresenta 2.307 utentes duplicados, inscritos em mais do que um centro de saúde, e 2.055 falecidos que «ainda continuam nos ficheiros», mas que vão ser eliminados com esta “limpeza”. Com o intuito de «abater» estes números, que vão sofrer uma «redução substancial», Emília Pina reuniu na última quarta-feira com os directores dos centros de saúde que, por sua vez, irão agora explanar a questão aos médicos. Em relação aos utentes do distrito que não possuem médico de família, o número cifra-se nos 1.600, embora «muitos deles» o sejam por «sua própria opção», uma vez que não fazem parte do Serviço Nacional de Saúde. Assim, estes utentes «não escolhem médico para poderem ter os que lhes “dão mais jeito”», explica. Por outro lado, o centro de saúde que inspira maior preocupação, onde cerca de 400 utentes não tem médico de família, é o de Seia, adianta Emília Pina. Dos 2,43 milhões de utentes da região, cerca de cem mil não tem médicos de família, uma situação que Fernando Andrade pretende rever através da «correcção informática dos óbitos e dos duplicados», através de um programa de limpeza e purga dos utentes que se encontram naquela situação.

Em declarações à Agência Lusa, aquele responsável frisou que a falta de médicos de família é mais grave nas grandes cidades, onde o crescimento populacional não foi acompanhado pelo aumento proporcional dos quadros, daí que, nesses casos, «será pedido um esforço adicional» aos clínicos. As expectativas da ARS apontam para a existência de cerca de 40 mil utentes duplicados ou falecidos nos cadernos dos centros de saúde. Apesar de haver profissionais que «terão de incluir mais alguns utentes», Fernando Andrade está «plenamente confiante» de que a região Centro irá cumprir no final do ano a promessa da tutela em atribuir um médico de família a cada cidadão. O responsável ARS do Centro acredita que «vamos corrigir este problema e garantir melhores serviços de saúde aos nossos utentes», deseja.

Um optimismo partilhado pela coordenadora da Sub-Região de Saúde da Guarda, que acredita ser «possível colocar esta medida em prática no distrito até ao final do ano». Além do mais, é uma iniciativa «positiva», já que vai permitir a eliminação de «dados errados» dos ficheiros informáticos. Recorde-se que, segundo informações do Ministério da Saúde, fornecidas em Novembro de 2003, a Guarda era o distrito do país que detinha o menor número de utentes inscritos sem médico de família em todo o país. Dados bastante positivos, até porque uma parte dos utentes dos Centros de Saúde do distrito que não têm médico de família estão nessa situação porque «lhes convém mais», visto não integrarem o Serviço Nacional de Saúde, sublinhou, na altura, a coordenadora. Uma das razões apontadas para a Guarda ser o distrito com a maior quantidade de médicos por utente foi o facto de grande parte dos profissionais do Centro de Saúde da cidade, aquele que apresentava um maior número de utilizadores do distrito, estar a trabalhar «em regime de dedicação exclusiva», o que na prática significa que os médicos fazem «42 horas semanais em vez das habituais 35».

Ricardo Cordeiro

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