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Guarda já tem mais área ardida que em Setembro de 2008

Distrito tinha cerca de 2 mil hectares consumidos no final de Julho, o que representa um aumento significativo em relação ao ano passado

Até 31 de Julho, o distrito da Guarda já registava mais 300 hectares de área ardida do que até 15 de Setembro do ano passado. De acordo com o último relatório provisório da Autoridade Florestal Nacional (AFN), as chamas consumiram 1.998 hectares desde 1 de Janeiro, contra 1.699 nos primeiros nove meses e meio de 2008. Apesar deste forte aumento, a Guarda é “apenas” o quinto distrito mais fustigado a nível nacional, enquanto que no ano transacto ocupava o indesejado primeiro posto.

De resto, o aumento da área florestal ardida na Guarda acompanha a tendência verificada na União Europeia desde o início do ano. Segundo dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais, no ano passado perderam-se 180 mil hectares de área florestal, contra 200 mil este ano, sendo que Espanha e Itália foram os países mais atingidos, o que é explicado pelas condições climáticas extremas registadas na segunda quinzena do mês passado. O mesmo documento salienta que também França e, «em menor medida», Grécia e Portugal sofreram danos significativos. Em relação a número de ocorrências, o distrito da Guarda ocupa a sexta posição nacional com um total de 559 registos, sendo 261 incêndios florestais e 298 fogachos, isto é, fogos que consumiram uma área inferior a um hectare. Em 15 de Setembro de 2008 havia 570 ocorrências, divididas entre 222 incêndios florestais e 348 fogachos.

O distrito tem ainda quatro registos no “top 30” de grandes incêndios, cuja área total afectada é igual ou superior a 100 hectares. O mais grave aconteceu a 20 de Julho em Cidadelhe, no concelho de Pinhel, e consumiu um total de 202 hectares, 182 de matos e 20 de povoamentos. Na sua origem terá estado uma causa negligente, de acordo com o relatório da AFN. Na segunda posição, em igualdade com 146 hectares ardidos e curiosamente separados apenas por dois dias, estão os fogos do Marmeleiro (Guarda) e de Gouveia. O primeiro, de causa também negligente, ocorreu a 14 de Março, tendo ardido 126 de matos e 20 de povoamentos, enquanto o segundo lavrou em zona de mato e terá tido uma causa intencional. Nesta lista merece ainda referência um incêndio ocorrido a 8 de Julho em Almendra, concelho de Vila Nova de Foz Côa, que consumiu 104 hectares de matos, tendo origem negligente.

No final de Junho, em entrevista a O INTERIOR, o comandante operacional distrital (CODIS) salientava que a área ardida «mais do que tinha triplicado em relação a 2008». Isto porque, de Janeiro a 14 de Junho, tinham ardido cerca de 1.640 hectares, contra 450 do ano passado. António Fonseca apontou como potenciais factores para este incremento um início de Outono e final de Primavera «muito secos e quentes», o que levou a que as pessoas aproveitassem «para queimar nessa altura». Do mesmo modo, «no final do Inverno há muito material vegetal do ano anterior que secou, mas que ainda está em pé seco e que arde com facilidade. E a verdade é que o final do Inverno foi mais quente do que o ano passado», realçou. Em termos globais, a base de dados nacional de incêndios florestais contém 10.300 ocorrências, entre 2.654 incêndios florestais e 7.646 fogachos que afectaram uma área total de 21.675 hectares. Por outro lado, o histórico dos últimos 10 anos do total de ocorrências e área ardida, até 31 de Julho, mostra que em 2009 o total registado em número de ocorrências é inferior à média do decénio (menos 1.451 ocorrências). Relativamente à área ardida, e até à presente data de 2009, arderam menos 29.411hectares que a média de 1999 a 2008, ou seja, menos 42 por cento.

Ricardo Cordeiro

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