Não houve milagres para as duas equipas do distrito no Nacional de Xadrez da Iª Divisão, que terminou terça-feira com a vitória do Boavista. O muito reforçado Clube de Xadrez de Seia (CXS), rapidamente rotulado de super-equipa da prova e de grande favorito à vitória final, não foi além de um quarto lugar, enquanto o Grupo de Xadrez da Guarda (GXG), campeão das duas últimas edições, foi impotente na defesa do título e terminou em quinto. No “derby” serrano, disputado na segunda-feira, os senenses não deixaram os créditos por mãos alheias e venceram com alguma facilidade (3,5-0,5) o quarteto guardense.
O CX Seia apresentou-se em Vila Nova de Gaia com três dos dez jogadores mais fortes do torneio, mas protagonizou um campeonato bastante irregular. Entrou a ganhar, mas uma inesperada derrota (2,5-1,5) na terceira jornada com a Académica de Coimbra estragou as contas dos senenses. Visivelmente afectada pelo desaire, a “armada” luso-cubano-espanhola elencada pelo Seia empatou (2-2) depois com a Academia de Gaia, outro candidato ao título, para derrotar o GX Porto (3-1) à quinta jornada. Contudo, o pior estava para vir e duas derrotas consecutivas frente a adversários directos puseram um ponto final nas aspirações dos senenses. O CX Seia não passou no “jogo do título” com o Boavista, que os portistas venceram pela margem mínima (2,5-1,5), um resultado repetido à sétima jornada diante do Diana de Évora. A vitória regressou na penúltima etapa do campeonato por ocasião do “derby” regional, mas soube apenas a consolação já que o Boavista sagrou-se campeão nacional ao ganhar a partida frente à Académica. Mesmo assim, ressalve-se a derrota categórica imposta ao GX Guarda (3,5-0,5) como forma de despedida da edição deste ano do Nacional de Xadrez [os senenses defrontaram terça-feira o NX Faro, partida cujo resultado era ainda desconhecido à hora do fecho desta edição].
A prova não correu de feição ao CX Seia, um dos grandes favoritos ao título, que, no entanto, conseguiu repetir o quarto lugar em duas participações consecutivas na Iª Divisão. O que pode ser considerado muito pouco para uma equipa que fez alinhar o cubano Lázaro Bruzon (GMI), que liderou o “ranking” da prova, os espanhóis Alfonso Romero Holmes (GM), Manuel Candelario e Jesus Maria Iruzubieta e o português António Fróis. Mais modesta, a formação guardense, bi-campeã nacional, conseguiu evitar o pior numa competição disputadíssima. O GX Guarda também começou bem e até conseguiu um empate (2-2) frente à Academia de Gaia – um adversário que tem sempre levado a melhor sobre os guardenses nas últimas partidas entre ambos. A equipa ainda não tinha perdido à terceira jornada – ganhou facilmente ao GX Porto (3-1) -, mas caiu a seguir diante do Boavista pela margem mínima (2,5-1,5). A partir daí, foi sempre a empatar. À quinta jornada o GX Guarda esteve a um passo de sofrer a sua segunda derrota consecutiva, mas Kevin Spraggett garantiu um empata a dois com o Diana de Évora.
Um resultado idêntico verificou-se na partida com o NX Faro, depois de uma vitória retemperadora (2,5-1,5) na sexta jornada sobre o Odivelas, o primeiro despromovido à IIª Divisão. O que aconteceu depois já se sabe. O Boavista sagrou-se campeão no mesmo dia em que os guardenses perderam com o CX Seia, restando-lhes um outro adversário difícil para o fim, já que jogaram na última jornada com o Barreirense, um histórico do xadrez nacional que se encontrava em risco de descer de divisão. Mesmo assim, a vitória era imprescindível para manter a quinta posição da geral, um lugar que o GX Guarda não ocupava há muito no “top ten” nacional. Os GMs Kevin Spraggett e Javier Moreno, os MF Fernando Ribeiro e António Ferreira e João Guerra Costa formaram o quinteto em prova nestes nove dias. Resta agora a Taça de Portugal, um troféu que continua a fugir do GXG há três temporadas.
Luis Martins