O mês de agosto contribuiu, e muito, para que o distrito da Guarda seja o segundo do país com mais área ardida desde o início do ano, com um total de 4.687 hectares. De resto, de acordo com o último relatório provisório da Autoridade Florestal Nacional (AFN), o incêndio “recordista” do ano até ao momento deflagrou no dia 17 de agosto e esteve ativo vários dias na freguesia da Bendada (Sabugal) consumindo 1.720 hectares.
No final de julho, a Guarda ocupava o sétimo lugar entre os distritos com mais área ardida com “apenas” 1.186 hectares, atrás de Braga (3.276), Viseu (2.114), Castelo Branco (1.820), Porto (1.701), Vila Real (1.595) e Bragança (1.470). Um mês depois, o cenário é totalmente diferente, já que Bragança passou para a indesejada liderança deste “ranking” com 5.089 hectares, seguindo-se a Guarda com 4.687, sendo 4.118 de matos (terreno coberto com lenhosas ou herbáceas de porte arbustivo de origem natural, que não tem utilização agrícola nem está arborizado) e os restantes 569 de povoamentos. No que toca ao número de ocorrências, entre os 18 distritos de Portugal continental, a Guarda ocupa a 11ª posição, juntamente com Santarém, com 311 registos, sendo 124 incêndios florestais e 187 fogachos, isto é, fogos que consumiram uma área inferior a um hectare. No “top” dos grandes incêndios do ano, o distrito tem oito ocorrências entre as 54 mais significativas destacadas pela AFN.
O incêndio da Bendada é, de longe, o maior do ano com 1.617 hectares de matos e 103 de povoamentos, num total de 1.720 hectares ardidos. Ainda no mês de agosto, a Guarda teve mais quatro grandes incêndios em Escalhão (Figueira de Castelo Rodrigo), com 419 hectares, Castanheira (Trancoso), com 317, Cidadelhe (Pinhel), com 257 e Almofala, também no concelho de Figueira, com 139. No resto do ano, o concelho de Gouveia registou dois incêndios de grandes dimensões, um em fevereiro, na freguesia de São Pedro, que consumiu 314 hectares e outro em Folgosinho, que ocorreu em abril, com 235 hectares. Neste “ranking” figura ainda um fogo na Cogula (Trancoso), onde arderam 118 hectares a 30 de julho. A nível nacional, a base de dados da AFN regista, no período compreendido entre 1 de janeiro e 31 de agosto, um total de 15.181 ocorrências (2.683 incêndios florestais e 12.498 fogachos) que resultaram em 34.006 hectares de área ardida.
As ocorrências diminuíram este ano, tendo-se registado até ao fim de agosto 15.181, menos 2.231 que no mesmo período de 2010, quando se verificaram 17.412. O relatório da AFN conclui igualmente que julho foi o mês com mais fogos (4.387) e agosto o que concentra a maior área ardida (12.771 hectares). A época mais crítica em incêndios florestais, conhecida por “Fase Charlie”, prolonga-se até dia 30 deste mês. Recorde-se que, no ano passado, a Guarda foi o distrito com mais área ardida do país, com 25.736 hectares, 17.455 de matos e 8.281 de povoamentos. Quanto a ocorrências, teve 664 registos, com 286 incêndios florestais e 378 fogachos.
Ricardo Cordeiro