A conjuntura de crise está a fazer com que mais empresas apostem na exportação. Esta é uma das conclusões que já se pode retirar do Observatório Empresarial e Avaliação Sectorial, levado a cabo pelo Projeto COOPETIR (Cooperação para a Competitividade Empresarial). A sessão de apresentação decorreu na última terça-feira nas instalações do NERGA – Associação Empresarial da Região da Guarda, um dos parceiros promotores da iniciativa, em conjunto com as suas congéneres de Vila Real, Bragança e Castelo Branco.
O estudo efetuado abrange um total de 59 concelhos, todos os dos quatro distritos e ainda mais alguns municípios da região do Douro Sul, e o coordenador da equipa técnica que está a desenvolver o trabalho explicou que o COOPETIR «procura contribuir para a dinâmica empresarial nestas regiões». Na sessão de terça-feira, os participantes na sessão ficaram a conhecer «a fotografia genérica» em termos estatísticos do que a região representa, bem como cada distrito. João Amaro indicou que foram elaborados questionários a cerca de 200 empresas da região que está a ser estudada e, apesar do tratamento dos dados ainda não estar concluído, já é possível realçar algumas conclusões «interessantes». Uma é a de que «grande parte das empresas inquiridas ou já exporta ou pretende vir a exportar no futuro» com o coordenador a considerar que é «muito interessante verificar essa tendência» e mostra que «as empresas não estão resignadas, estão a fazer-se à vida e a apostarem em procurar novos mercados, sendo certo que quer o mercado local, quer nacional estão em declínio, numa situação de recessão». Outra ideia que já se pode concluir é a de que as empresas estão a «valorizar muito a aposta na inovação, sobretudo na inovação produtiva, na melhoria da sua capacidade instalada, na modernização das suas instalações e dos seus equipamentos», havendo algumas delas «ou já a fazerem apostas ou com intenções de virem a fazer investimentos na área da investigação e desenvolvimento». Uma conclusão que «demonstra que apesar do contexto de crise as empresas estão, pelo menos, a prepararem-se para a luta que aí vem e isso é um indicador positivo». O especialista sublinhou também que na região COOPETIR, o poder de compra é de sensivelmente 70 por cento da média nacional e que 97 por cento das empresas são microempresas. Verifica-se que há «algum desaceleração na dinâmica de criação de novas empresas e tem-se verificado neste ultimo período que há menos empresas a serem criadas e mais a fecharem».
João Amaro sustenta que o estudo será «sobretudo útil para os agentes políticos, associações empresariais e para a governação para perceberem um pouco o “status quo” do tecido empresarial e que medidas é que podem ser adotadas no sentido de melhorar a competitividade das empresas». Por outro lado, pode ajudar as empresas a «perceberem o enquadramento que elas próprias representam e que o seu setor representa no seu distrito e na região COOPETIR». Outro dado «interessante» passa por constatar a «homogeneidade, ainda que com pesos distintos que estes que distritos têm», daí que defenda que «com este trabalho encontrámos aqui uma razão de ser para que estes quatro distritos possam tentar definir algumas estratégias comuns para ampliarem a sua massa crítica, a sua voz e para desenvolverem iniciativas comuns». «Há uma relação e uma interação muito interessante que pode ser estabelecida entre estes quatro distritos e com as associações empresariais a serem os pivots desse trabalho que pode ser desenvolvido», reforçou.
Ricardo Cordeiro