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Guarda a dobrar na Maratona de Pequim

Inês Monteiro e Paulo Gomes estão pré-seleccionados para a prova mais longa dos Jogos Olímpicos

Caso não surja nenhuma contrariedade de última hora, o distrito da Guarda vai estar duplamente representado na Maratona dos Jogos Olímpicos que vão decorrer este Verão em Pequim. Depois de terem obtido os mínimos, a guardense Inês Monteiro e o celoricense Paulo Gomes foram dois dos três atletas pré-seleccionados pelo seleccionador nacional para representar o país na prova mais longa da competição chinesa.

Aos 27 anos, Inês Monteiro prepara-se para participar nas segundas Olimpíadas da carreira, uma vez que em 2004 participou nos 5 mil metros dos Jogos de Atenas. Curiosamente, numa distância completamente diferente, a atleta natural da Guarda conseguiu mínimos na primeira Maratona que correu, em Roterdão a 13 de Abril deste ano. Deste modo, em Pequim vai correr apenas a sua segunda Maratona, alimentando a expectativa de ficar na «primeira metade da tabela», sendo que está consciente de que «não vai ser fácil» face ao calor e à humidade da capital chinesa, «dois dos principais obstáculos» a um bom desempenho. Já em relação ao fuso horário de oito horas, assegura que não costuma ter «problemas de adaptação» neste âmbito. De resto, esta não é a primeira competição que vai disputar em solo asiático, uma vez que anteriormente já participou em competições no Quatar, Coreia do Sul e Japão. Confessando que ainda não se preocupou em tentar conhecer o trajecto que vai encontrar, a guardense garante que se vai «tentar preparar o melhor possível» para fazer boa figura no Oriente. Em relação às condições de treino oferecidas pela Guarda, Inês Monteiro frisa que está dotada do «essencial», considerando o Parque do Rio Diz uma «mais valia» que se vem juntar ao Estádio Municipal.

Por seu turno, Paulo Gomes, que completa hoje precisamente 35 anos, conseguiu «finalmente concretizar o sonho de estar nuns Jogos Olímpicos ao fim de 20 anos de carreira» graças aos mínimos obtidos na Maratona de Praga a 13 de Maio de 2007. Na China quer «chegar ao final» da prova e entrar no Estádio Olímpico «completamente cheio», prometendo fazer uma «boa preparação» para chegar na «melhor forma» à Ásia. O veterano atleta natural de Celorico da Beira reconhece que vai encontrar «condições extremamente adversas e problemáticas» como a temperatura «muito elevada aliada a uma alta taxa de percentagem de humidade», não esquecendo a «muita poluição». Contudo, lembra que as condições «vão ser iguais para todos». Por outro lado, espera retirar ensinamentos da experiência vivida no Mundial de Osaka, no vizinho Japão, o ano passado, onde terminou em 42º numa corrida em que desistiram 30 participantes. Entre «alguns aspectos a corrigir», aponta uma «melhor hidratação» como um dos pontos a melhorar, reconhecendo que o fuso horário «também atrapalha um pouco». Sobre o percurso, também garante que ainda não sabe «rigorosamente nada», mas não é algo que o preocupe muito, até porque fez o seu melhor tempo na Maratona «mais difícil» que já disputou «até hoje», em Praga. Quanto às possibilidades de treino oferecidas pela Guarda, cidade onde reside desde 2003, considera que já teve «piores condições» do que as actuais, elogiando o Parque do Rio Diz que veio «diversificar os percursos» de quem habitualmente treina «30 a 40 quilómetros» por dia. Aliás, agradece o «apoio» que tem tido por parte da Câmara da Guarda «na utilização das instalações desportivas», a quem retribui com esta participação nos Jogos Olímpicos, o que, em seu entender, vem provar que «se deve apostar mais nas modalidades extra-futebol» que apesar de ser aquela que «mais dinheiro leva, não vai estar representada», frisa. Por último, o celoricense deixa uma constatação curiosa: «É engraçado a cidade mais alta e íngreme do país ter dois atletas na corrida mais longa e mais plana. Acaba por ser uma antítese», realça.

Ricardo Cordeiro

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