A Pousada de Santa Eufémia, em Linhares da Beira, vai afinal ser integrada na rede de pousadas da Enatur. O Grupo Pestana admitiu, na última semana num encontro com o presidente da Câmara de Celorico da Beira, assumir o acordo celebrado entre a autarquia, a Comissão de Coordenação da Região Centro e a Empresa Nacional de Turismo em 2001. O documento prevê a gestão da pousada de Linhares após a sua recuperação e estabelece que a Enatur se compromete a «iniciar a exploração do estabelecimento como pousada, num prazo máximo de um mês após a entrega do edifício, estando a empresa isenta de qualquer contrapartida financeira pela concessão, cabendo-lhe apenas garantir a manutenção do imóvel».
Perante este facto, e depois de ter tomado conhecimento do projecto, José Roquette, presidente do Conselho de Administração do Grupo Pestana Pousadas, que desde Setembro último assumiu a gestão de 42 Pousadas de Portugal, decidiu garantir a exploração da unidade hoteleira daquela Aldeia Histórica, que deverá abrir ao público em Agosto de 2004. Recorde-se que nos últimos meses, este grupo empresarial mostrou interesse em travar alguns investimentos no interior, nomeadamente com a alienação da Pousada Nª Sª das Neves, em Almeida, e o abandono do projecto de recuperação do Sanatório dos Ferroviários da Covilhã como Pousada de Portugal. Agora, contrariando um pouco esta posição, o grupo decidiu assumir a exploração da unidade de Linhares, tendo José Roquette «mostrado vontade de a abrir a breve trecho», conta António Caetano, acreditando que a futura pousada será gerida «indiscutivelmente» pela administração da Enatur. O autarca celoricense lembra ainda que fez algumas diligências junto de várias entidades governamentais para que o projecto de Santa Eufémia fosse incluído na rede das Pousadas de Portugal, como havia sido protocolado.
Apesar de alguns contratempos iniciais, Caetano diz que foram apontadas algumas datas de abertura para o meio do próximo ano, mais concretamente em Agosto, mas ainda falta equipar toda a infraestrutura. Embora a Câmara Municipal de Celorico já tivesse posto a concurso o equipamento pesado, Roquette disse agora que «há necessidade de o reavaliar», dado que a pousada está construída com «muita» qualidade e, por isso, é necessário apetrechá-la com equipamento «também de qualidade». «É isso que pretendemos», refere António Caetano, ansiando que a estrutura se venha a qualificar na região que «indiscutivelmente está carente deste tipo de unidades», quando se anuncia algum desinvestimento ou o fecho de algumas pousadas no interior. O autarca entende ainda que a situação geo-estratégica de Celorico da Beira, localizada a meio das principais vias de acesso ao Litoral, a Espanha e ao Norte, «é um dos atractivos que influenciou a decisão». Ainda assim, o edil admite que a hesitação manifestada pelo Pestana Pousadas em cumprir o acordo fez recear o pior, mas deixa claro que «tudo faria» a nível jurídico para fazer valer o que está protocolado. Isto apesar de haver outras soluções que também qualificariam a oferta hoteleira no concelho e na região, mas a Câmara «não abdicaria que fosse a Enatur a assumir a sua gestão, porque o projecto é da sua responsabilidade, foi feito em conformidade com aquilo que pretendia e na sua lógica empresarial e hoteleira».
Caetano realça ainda que os contratempos vividos anteriormente podiam ter resultado do desconhecimento do projecto por parte do Grupo Pestana, pois na transição dos conselhos de administração «foi mais uma vez ocultado, o que criou algumas situações embaraçosas para o grupo», conta o autarca. Resta agora adquirir o equipamento para o edifício, algo que pode ser concretizado através de um contrato-programa da Secretaria de Estado do Turismo, e aguardar a vinda do Conselho de Administração do Pestana Pousadas a Linhares da Beira para averiguarem as capacidades do empreendimento.
Rita Lopes