O espetáculo comunitário de música e teatro promovido no âmbito das comemorações do 815º aniversário da Guarda vai contar com a participação de 60 intervenientes entre elementos do coro infantil do Centro Cultural, da ACAPO – Associação dos Cegos e Amblíopes, da “Despertar do Silêncio – Associação de Surdos, dos Bombos de Valhelhas, do Jogo do pau (grupo de jovens), de duas senhoras de Videmonte e atores amadores do Aquilo e do Encenarte. A conceção é de Cláudia Andrade (atriz e encenadora) e de Fernando Mota (músico).
Fernando Mota explica que «quando trabalhamos com a comunidade fazêmo-lo muitas vezes sem guião» que acaba por ser «construído com os grupos a partir das ideias e das histórias das pessoas». O nome do espetáculo remete para um conceito mas sob vários pontos de vista, «desde guardadores de gado, da cidade, de segredos, de memórias», tendo havido a preocupação de trabalhar com grupos «muito diversos» e que «normalmente não participam neste género de eventos para termos outras vozes que muitas vezes não são ouvidas». O músico adianta que há «um fio condutor» em “Guardadores” que «é a figura de um viajante que chega à cidade e vai conhecê-la através dos olhos destas pessoas, incluindo alguma da Guarda que muitas vezes não é falada».
Cláudia Andrade acrescenta que «queremos oferecer ao espetador uma visão não muito linear do que pode ser a história, mas é quase como se cada pessoa do público pudesse construir o seu próprio guião», salientando que as palavras para pessoas com limitações auditivas e sonoras têm um valor «diferente». A atriz considera que estes espetáculos são um processo de que todos os intervenientes – que «dificilmente» se juntariam no mesmo espaço de outra forma –, vão sair «muito mais ricos». A primeira abordagem com os diferentes protagonistas aconteceu no início de outubro, sendo que o espetáculo vai subir ao palco a 28 e 29 de novembro. O espetáculo está em cena no pequeno auditório do TMG e Victor Afonso espera que os 160 lugares da sala sejam totalmente preenchidos. O programador cultural sublinha que o TMG tem tido sempre a preocupação de «ser também um espaço de fruição para a comunidade» e que este ano se optou por um «modelo diferente, mais intimista», mas garante que «por ser um formato mais pequeno, não terá certamente menor qualidade».
Ricardo Cordeiro