Há mais um teleférico em estudo para a Serra da Estrela. O grupo Brancal, que detém o hotel termal e lúdico H2Otel, em Unhais da Serra, anunciou que quer ligar esta vila às Penhas da Saúde, em parceria com um grupo suíço e a Câmara da Covilhã. Actualmente, existem mais dois projectos do género na zona, um da Câmara de Manteigas, para aceder às Penhas Douradas, e outro da Sociedade Teleférico da Torre, Turismo e Lazer, no concelho de Seia. São ambos antigos, mas tudo indica que não estão esquecidos.
Os primeiros estudos para ligar Unhais às Penhas da Saúde, no concelho da Covilhã, «estão em andamento», assegura o empresário Manuel Brancal A ideia é construir o teleférico a partir da unidade hoteleira, numa extensão de seis quilómetros, percorrendo todo o vale de Unhais. Segundo o empresário, foi o sucesso do H2Otel, que abriu em 2008 e custou 15 milhões de euros, que levou o grupo a pensar neste empreendimento. Trata-se de um investimento «muito grande», refere, sendo que a sua viabilidade financeira tem estado a ser analisada com o potencial parceiro suíço. O grupo Brancal já começou a tratar das licenças necessárias e «agora é tudo uma questão de dinheiro», acrescenta Manuel Brancal. «Pensámos neste projecto desde que o hotel foi inaugurado», sublinha, por sua vez, o presidente da Câmara da Covilhã, que fala em «grande magnitude financeira». Por isso, só será uma realidade se for apoiado por fundos comunitários.
«Está dependente da vontade dos decisores do QREN [Quadro de Referência Estratégico Nacional]», diz Carlos Pinto, acrescentando que «só se torna rentável se for comparticipado». Para o autarca, a construção deste teleférico, que até já havia sugerido em 2005, representará «um elemento de grande valorização quer de Inverno, com um acesso fácil às pistas de esqui, quer de Verão, uma vez que permitirá desfrutar de uma paisagem lindíssima».
Teleférico de Alvoco em estudo de impacte ambiental
Desde os anos 60 que se ouve falar na construção de teleféricos na Serra da Estrela e um deles até avançou na altura. Mas a ligação Piornos-Torre foi cancelada na década seguinte por alegada falta de segurança. No concelho de Seia, há anos que se aguarda por um equipamento do género entre Alvoco da Serra e a Torre, tendo sido criada, em 2005, uma sociedade com o intuito de o construir. A Teleférico da Torre, Turismo e Lazer juntou a Câmara de Seia, freguesias da zona Norte da Serra e particulares – um dos accionistas é Artur Costa Pais, mas apenas a título particular. Volvidos cinco anos, o presidente da sociedade, José Carlos David, em representação da Junta de Alvoco, assegura que o empreendimento não está esquecido. «Estamos em fase de elaboração do projecto, que está nas mãos de uma empresa da Covilhã, e prestes a avançar com o estudo de impacte ambiental, que deverá estar concluído no final do ano», adianta.
Até lá, «há que aumentar o capital social da sociedade [50 mil euros actualmente] e encontrar investidores», afirma. Segundo este responsável, o projecto, orçado em 15 milhões de euros, «não andou tão depressa como se desejaria» sobretudo porque «há demasiadas entidades a “mandar” na Serra» e devido «à falta de um cunho empresarial» na sociedade. «Não temos empresas entre os accionistas», constata. Além disso, «não tem havido disponibilidade financeira», lamenta José Carlos David, para quem os accionistas têm trabalhado como «um grupo de bons amigos, o que não é suficiente». Nesse sentido, a sociedade precisa de encontrar novos parceiros «para conseguir concretizar o projecto e de uma dinâmica muito maior», admite José Carlos David, ao defender que estas devem ser as prioridades do próximo Conselho de Administração, que será eleito em Setembro.
Quanto ao equipamento anunciado para o concelho da Covilhã, assim como outros que têm vindo a ser divulgados, considera que «deveriam pensar-se todos em conjunto, como um só projecto», pelo que lamenta que «não haja união nesta e noutras matérias» na região serrana.
Estudos técnicos em Manteigas
Em Manteigas, Esmeraldo Carvalhinho promete «fazer tudo» para ligar a vila às Penhas Douradas por teleférico – um projecto herdado do executivo anterior: «É uma ambição antiga que não deixaremos cair», garante, revelando que duas empresas já estão a realizar estudos técnicos. Entretanto, a autarquia continua à procura de parceiros privados para o poder financiar. «A Câmara não poderá nunca avançar sozinha», sublinha. O autarca reconhece que a actual conjuntura económico-financeira «não é a melhor», mas diz-se confiante na criação do que considera ser «uma mais-valia» para Manteigas, capaz de criar atractividade turística. «Os visitantes poderão apreciar paisagens e zonas que não se conseguem vislumbrar de carro ou percorrendo os percursos pedestres», realça. De resto, o equipamento está previsto no âmbito da requalificação da aldeia das Penhas Douradas numa estância de montanha, aprovada pelo executivo anterior.
«O Plano de Pormenor está a avançar e encontra-se em fase de apresentação de propostas», adianta Esmeraldo Carvalhinho, que prefere não falar sobre o projecto anunciado para Unhais. Recorde-se que, além da Câmara de Manteigas e da Teleférico da Torre, Turismo e Lazer SA, também a Turistrela chegou a anunciar, em 2006, a criação de dois teleféricos no maciço central – entre as Penhas da Saúde ou Piornos e a Torre, num projecto que envolvia também a Câmara da Covilhã, e também entre a Lagoa Comprida e a Torre. A então Região de Turismo da Serra da Estrela (RTSE) estava associada aos dois. O INTERIOR tentou chegar à fala com o administrador da Turistrela, Artur Costa Pais, mas sem sucesso até ao fecho desta edição.
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