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Greve de fome por um subsídio

António Santos queixa-se, na Guarda, do funcionamento da Segurança Social e promete ir até às «últimas consequências»

Um homem de 41 anos, natural de Almeida, iniciou na tarde da última segunda-feira uma greve de fome às portas do Centro Distrital de Segurança Social da Guarda. António Santos, que sofre de doença bipolar, está desempregado desde Março e garante viver numa situação extrema por não ter nenhuma fonte de rendimento, reclamando um subsídio de emergência social por parte da Segurança Social. Esta instituição garante que o cidadão tem alojamento e alimentação pagos até dia 7 de Agosto, altura em que a situação será reavaliada.

«Sou uma pessoa carenciada, não tenho nada, sou doente bipolar, tive uma tentativa de suicídio, não tenho qualquer fonte de rendimentos e por isso recorri à emergência», explica. António Santos garante que tentou encontrar trabalho até à passada segunda-feira, mesmo no Centro de Emprego, mas sem êxito. «Eu sei que a Segurança Social tem – ou se não tem, deveria ter – fundos para emergências como é o meu caso», exige, garantindo estar «completamente a zero» em termos financeiros e de saúde. «Se tenho algum dinheiro para tomar um café foi porque alguém mo deu, não foi a Segurança Social», acusa, considerando que o sistema está a funcionar «muito mal». António Santos refere ter sido «posto de lado» pela família, porque esteve ausente de Almeida durante 12 anos, período em que morou em Leiria, onde casou e teve vários trabalhos. Pelo que tem «descontos suficientes» na Segurança Social para poder ter aquilo a que chama um «subsídio complementar», frisa. «Não é o rendimento de reinserção social, que são 174 euros, ou uma reforma de invalidez que me foi proposta. Já me estão a chamar directamente inválido quando eu, apesar de ser doente bipolar, não me considero uma pessoa inválida», sublinha.

Desempregado desde Março, António Santos diz que não está a receber subsídio de desemprego porque o tempo que esteve a trabalhar não foi suficiente. O mesmo se passa com o rendimento de reinserção social que não lhe foi atribuído por lhe faltar um documento que tinha que ir levantar a Leiria, mas «também não era com 174 euros que me ia governar», indica. De resto, assegura que vai «até às últimas consequências» até ter o seu problema resolvido. O homem de 41 anos diz que deixou de tomar os anti-depressivos, suportados pela Segurança Social, também na última segunda-feira, o que pode ser «altamente perigoso», assegura. «Apesar de ser doente bipolar, o que digo hoje mantenho amanhã e sempre. Não mudo de ideias constantemente», garante. Opinião diferente tem Pires Veiga, director do Centro Distrital de Segurança Social da Guarda, para quem António Santos foi, até à última segunda-feira, «sempre muito curial com os nossos técnicos, mas, como doente bipolar, entendo que tenha mudado de “estratégia”». Noutro sentido, o dirigente garante que o subsídio de emergência social reclamado «não existe», garantindo que o cidadão em protesto tem «alojamento e alimentação pagos» até dia 7 de Agosto, altura em que a situação será «reavaliada» pelos técnicos do Centro.

Ricardo Cordeiro

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