A disparidade do PIB per capita entre sub-regiões portuguesas agravou-se de 2009 para 2010, com a Grande Lisboa e a Serra da Estrela mais afastadas nos extremos, revelou o Instituto Nacional de Estatística.
De acordo com os resultados finais das Contas Regionais de 2010, divulgadas na semana passada, «as assimetrias do PIB per capita entre as trinta regiões NUTS III são muito significativas e atingem a sua expressão máxima na comparação entre as regiões da Grande Lisboa (166,5 pontos de índice) e da Serra da Estrela (52,1)», destaca o INE. Os números fazem parte dos Índices de Disparidade Regional do PIB per capita, em que é atribuído o valor 100 à média nacional. De acordo com os dados definitivos de 2010 hoje divulgados, a diferença entre os dois extremos é de 114,4 pontos, enquanto em 2009 era de 113,8 (Grande Lisboa tinha 167,5 pontos de índice e a Serra da Estrela tinha 53,7).
Na prática, os dados mostram que a riqueza média gerada por um habitante da Grande Lisboa representa mais do triplo da que é gerada por quem reside na sub-região da Serra da Estrela – «sinal de desertificação e de falta de atividade económica» no interior, explica Pires Manso, professor catedrático do Departamento de Gestão e Economia da Universidade da Beira Interior (UBI), na Covilhã. O PIB per capita é um indicador usado para analisar «a riqueza de um país ou região», assim como o respetivo grau de desenvolvimento. Pires Manso, que coordena o Observatório de Desenvolvimento Económico e Social (ODES) da UBI, alerta para um cenário crónico em que «as pessoas ainda fogem do interior para se concentrar no litoral».