Os bombeiros do distrito reclamaram na passada quinta-feira, em Trancoso, mais apoio do Estado e a revogação da tributação em sede de IRS das compensações pagas aos voluntários dos Grupos de Primeira Intervenção (GPI). E ouviram o que queriam na cerimónia de abertura da III Feira Internacional do Fogo, Combate e Prevenção (FIFOCOP), que terminou domingo. É que o secretário de Estado da Administração Interna tranquilizou os responsáveis e garantiu que «nunca haverá oposição» aos “soldados da paz” da parte do Governo, que considera a Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) «determinante na acção política» que vai encetar no sector.
Ascenso Simões defendeu que os bombeiros devem ser «parceiros activos» na actuação do Estado na área dos fogos florestais e prometeu analisar as questões relativas ao Estatuto Social do Bombeiro e à organização das corporações. Quanto à tributação das compensações pagas aos elementos dos GPI’s, o governante adiantou que o assunto está a ser trabalhado com o Ministério das Finanças. «Com certeza que vamos encontrar uma solução a contento dos bombeiros. Aliás, já havia um enquadramento legal que permitia a não tributação dessas ajudas», recordou. De resto pediu o empenho dos autarcas e da sociedade em geral na prevenção, porque esta época de fogos vai ser preocupante. Tanto assim que o Governo está a ponderar antecipar o seu início para Maio com base em indicadores «alarmantes» para os próximos meses. «A carta de risco aponta para uma situação muito difícil mas contamos ter concluído o plano de combate aos incêndios esta semana», disse.
Cientes das dificuldades que aí vêm estão o presidente da Federação dos Bombeiros do Distrito da Guarda, Fernando Andrade, e César Fonseca, do Conselho Executivo da LBP. Contudo, avisam que se nada mudar em relação à tributação das ajudas será «muito difícil formar GPI’s» este Verão. «Governo nenhum poderá prescindir do trabalho destes homens», acrescentou Fernando Andrade, para quem a medida é um «erro». Temas quentes que marcaram o início da FIFOCOP no Pavilhão Multiusos de Trancoso. O certame foi elogiado por Ascenso Simões, que destacou o seu carácter pedagógico e informativo. «Tem também um lado empresarial, o que é importante porque a grande aposta de criação de empregos passa igualmente por este nicho de mercado», sustentou. A feira reuniu cerca de seis dezenas de expositores que demonstraram formas de actuação na área da saúde, acidente, fogo urbano ou florestal. A FIFOCOP proporcionou ainda simulacros, demonstrações de material – a Força Aérea participou com um helicóptero Allouette – e colóquios. «O objectivo desta feira é ensinar os mais pequenos. A melhor prevenção é a educação, pois enquanto não fizermos essa formação dificilmente acabaremos com os fogos», sublinhou Madeira Grilo, director do evento organizado pela Federação dos Bombeiros do Distrito da Guarda, em colaboração com a Associação Comercial e Industrial dos Concelhos de Trancoso, Aguiar da Beira e Mêda.
Luis Martins
