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Governo faz depender reabertura da ferrovia até Barca d’Alva dos operadores turísticos

Autarca de Figueira de Castelo Rodrigo considera que este «é o momento certo» para concretizar o projecto

A reactivação da linha do Douro, entre o Pocinho e Barca d’Alva, voltou à ordem do dia. Na semana passada, a secretária de Estado dos Transportes, Ana Paula Vitorino, manifestou disponibilidade para «mandar reabrir» aquele troço desde que haja garantias de que serão os operadores turísticos a explorar os 17 quilómetros que separam as duas estações, nos municípios de Vila Nova de Foz Côa e Figueira de Castelo Rodrigo. «É tempo de passar dos compromissos aos actos, porque a vontade política não tem passado disso», responde o autarca figueirense.

É que, para António Edmundo, este é «o momento certo» para reabrir a via, aludindo ao aumento da procura turística no Douro, às potencialidades da navegabilidade do rio e à abertura próxima do Museu do Côa. «Temos tudo para tirar este projecto da gaveta. Há operadores interessados e a garantia de vários municípios entrarem numa parceria público-privada para a reabilitação e exploração da linha», recorda, afirmando que o município de Figueira está interessado a «envolver-se financeiramente» na iniciativa. Contudo, os valores só serão divulgados mais tarde. Existirá também a possibilidade da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN) candidatar a obra ao Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), «o que poderá garantir apoios na ordem dos 80 por cento», acrescenta. O edil adianta, de resto, que Ricardo Magalhães, chefe de projecto da Estrutura de Missão do Douro, vai reunir com operadores para «aferir do seu interesse no projecto e estabelecer um modelo de negócio».

Segundo o autarca, os empresários Mário Ferreira, do grupo Douro Azul, e Fernando Tavares Pereira são alguns dos interessados no negócio, podendo juntar-se-lhes o grupo Espírito Santo. Tanto mais que um dos seus altos responsáveis vai visitar a zona brevemente por causa da transformação da antiga estação de Barca d’Alva em hotel de charme. Outra aliciante do projecto é que a reabertura da linha não deverá inviabilizar a passagem de mercadorias e até de passageiros, de forma a potenciar as ligações do Porto à região do Douro ou mesmo a Salamanca e Madrid. «Esta opção ganha mais notoriedade se se pensar que a linha do Tua vai desaparecer com a construção da barragem do Sabor», argumenta. Por isso, António Edmundo defende que a recuperação da via deve ser «uma obra pública», enquanto a sua utilização e exploração terá que ser concessionada a uma empresa público-privada.

«É um empreendimento muito importante para o Norte do distrito da Guarda. No ano passado, a Régua teve 178 mil visitantes, alguns milhares dos quais chegaram de comboio. Em Barca d’Alva recebemos 36 mil, vindos maioritariamente de barco. Imagine o impacto que terá a reabertura da linha», augura o autarca. O custo estimado para a revitalização do troço Pocinho–Barca d’Alva, encerrado há 20 anos, é de cerca de 15 milhões de euros, tanto quanto custam «dois quilómetros de auto-estradas».

Luis Martins

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