Numa tarde fria e pouco convidativa para a prática desportiva, Seia FC e Desportivo de Gouveia encontraram-se no Estádio Municipal senense para um sempre apetecível dérbi serrano.
Apesar de se tratar de um jogo entre vizinhos, marcado por uma certa rivalidade, as bancadas estavam praticamente desertas, com um número de espetadores que não atingiu a centena. E se a reduzida assistência fazia parecer que estava a decorrer uma sessão de treino e não um jogo de campeonato, o baixo ritmo de encontro só contribuiu para acentuar essa ideia. Muito por culpa do mau estado do relvado, encharcado e “pesado”, mas também devido à falta de atitude dos jogadores, os primeiros 25 minutos do desafio foram lentos e monótonos, com os locais remetidos ao seu último reduto face à supremacia evidente dos gouveenses. No entanto, os visitantes não revelavam arte nem engenho para converter em golo as situações que foram criando.
O Seia até foi a primeira equipa a criar perigo, aos 7’, quando Nogueira aproveitou um “brinde” da defesa visitante para rematar para defesa atenta de Rui Neves. O Gouveia respondeu aos 10’, com Magalhães a surgir isolado frente a Alex, mas a permitir a defesa, quando tinha tudo para fazer o golo. Aos 16’, Fábio Rebelo criou perigo pela direita e foi novamente Magalhães quem finalizou a jogada, atirando à malha lateral. Os gouveenses marcaram mesmo aos 25’, num remate de meia distância de Aildo, que fez a bola embater na trave antes de entrar na baliza senense. Um grande golo, sem hipóteses de defesa para Alex. A partir daqui, o jogo foi perdendo ainda mais qualidade, pois o Seia entricheirou-se na defesa dando a iniciativa a um Gouveia individualista e que, com o golo, parecia ter perdido a vontade de jogar.
Até ao final do primeiro tempo, destaque apenas para mais um lance do desinspirado Magalhães, que rematou rasteiro para fora na sequência de um livre. Ao intervalo, o resultado premiava a superioridade visitante, mas era algo injusto dado que nenhuma das equipas fez o suficiente para merecer a vantagem. Na segunda parte, a toada do jogo não se alterou, mantendo-se a pouca velocidade, a pouca clarividência na definição dos lances, os individualismos inconsequentes e, por conseguinte, um baixo nível de interesse, pontualmente interrompido por iniciativas do senense Sabry e do gouveense Gonçalo, mas que em nada resultaram. O Gouveia parecia satisfeito com o 1-0, o Seia não revelava argumentos para alterar o rumo do jogo e assim foi correndo o encontro até ao final.
Já em tempo de compensação, quando o resultado parecia estar feito, os visitantes ampliaram a vantagem para 2-0. Hélder surgiu pela esquerda, entrou na área e rematou ao poste, com a bola a sobrar para Santiago que, em posição frontal, não perdoou. Estava confirmada a vitória do Desportivo, que venceu sem convencer num jogo fraco em que nenhuma das equipas merecia os três pontos.
Fábio Gomes