Figuras com pés grandes e cabeças pequenas. Linhas de esculturas em poliéster que traçam o real e a imaginação. Silhuetas de várias gerações, homens ou mulheres, jovens ou velhos, ou meros fragmentos de seres humanos. Figuras que vivem de equilíbrios. Tudo isto é real e pertence ao mundo criado, no atelier ou noutro sítio qualquer, pelo escultor Pedro Figueiredo. A exposição chama-se “Geração em linha” e está patente até 28 de Maio, na Galeria de Arte do Teatro Municipal da Guarda.
A”Vertigem”, “Energia”, “Antes ou Depois”, “Equilíbrio”, “A linha”, “Opostos Complementares”, “Infinito”, “Passagem por vós”, “Contra-opostos”, “Às avós”, são alguns dos trabalhos que Pedro Figueiredo expõe no Teatro Municipal da Guarda. «O convite ao jovem artista já foi feito há um ano», recorda Américo Rodrigues, director artístico do TMG, acrescentando, que «este é o terceiro artista “filho da terra” a expor naquela galeria». Não é a primeira vez que Pedro Figueiredo expõe na cidade que o viu nascer, mas «esta exposição tem um sabor diferente», confessa emocionado o jovem. A exposição chama-se “Geração em Linha”, porque ali estão representadas «várias gerações», justifica o autor, mas também pela «linha de esculturas, onde as silhuetas são magras. Está tudo relacionado com a linha e com a geometria», realça. O branco das paredes realça as quase 20 peças de cor escura, concebidas em resina de poliéster. Na sua maioria silhuetas magras ou rostos pequenos, homens ou mulheres, com pés ou mãos grandes e cabeças pequenas. As obras apresentam novos seres humanos, que «são criados pela minha imaginação, que não existem», explica Pedro Figueiredo, mas para que não haja dúvidas, frisa que «não se trata do rosto de um familiar ou amigo, é a representação de uma forma». Naquele mundo criado pelo artista, os seres têm uma fisionomia diferente, mas «tudo depende da perspectiva», constata o escultor, «se colocarmos os olhos ao nível do chão, qualquer pessoa tem os pés enormes e a cabeça pequena», refere. E é por esta dualidade que as pessoas têm que observar esta exposição: «É também uma forma de se aprender a ver», sugere Pedro Figueiredo. Acrescentando ainda, «não quero que as pessoas vejam na escultura seres humanos. Isso é o explícito, deve-se ver o implícito».
Para o jovem artista plástico, a escultura é uma «fantasia», e assim vai representando formas e histórias de um outro mundo, imaginado por ele próprio, o que «pode acontecer no atelier quando estou a trabalhar», dá como exemplo. De resto, esta exposição é o resultado do trabalho desenvolvido desde 2004 até este ano. Curiosamente, a maioria das esculturas já estão vendidas, mas «ainda há duas ou três por vender», diz com satisfação Pedro Figueiredo. Segundo o autor é muito difícil eleger a sua preferida, pois «são todas, claro», graceja, mas mesmo assim, atreve-se a apontar uma especial, como a figura feminina inclinada, a que deu o nome de “Infinito”.
«A escultura para o Pedro Figueiredo é uma grande paixão», assegura Artur Moreira, que foi seu professor. «As obras agora expostas são disso reveladoras, desse exercício contínuo e apaixonado do fazer», realça. As suas esculturas «são figuras que desenham ritmos», caracteriza Artur Moreira, e que «vivem de equilíbrios», adianta.
Pedro Figueiredo concluiu o curso profissional de cerâmica na Escola Artística de Coimbra (ARCA) e a licenciatura em escultura na Escola Universitária de Coimbra. Actualmente frequenta mestrado em Comunicação Estética. É docente da disciplina de Desenho e assistente na disciplina de Escultura na ARCA. Actualmente, tem também uma exposição colectiva na galeria “Por Amor à Arte”, no Porto. E a próxima, individual, já está marcada para o dia 10 de Novembro, na Fundação Bissaya-Barreto, em Coimbra.
Patrícia Correia