Arquivo

“Garrafas e garrafinhas” inundam Fonte das Três Bicas pelo terceiro sábado consecutivo

Protesto contra o elevado aumento da água vai continuar, grupo promotor vai abordar o executivo na reunião pública de amanhã

Pelo terceiro sábado consecutivo, a Fonte das Três Bicas, junto à sede da Região de Turismo na Serra da Estrela, na Covilhã, voltou a ser inundada por “garrafões, garrafas e garrafinhas” como forma de protesto contra os elevados preços cobrados na factura da água dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) e, ao que tudo indica, deverá assumir novos contornos amanhã durante a reunião pública de Câmara. A forma de protesto a ser desencadeada só será decidida hoje, mas para já fica a garantia da presença dos promotores do abaixo-assinado na reunião camarária.

Os protestos deste grupo podem ainda passar por uma visita ao Rio Zêzere, junto à Ponte Pedrinha, para mostrar que se está a pagar um serviço (tratamento de esgotos) que «nem sequer existe por estarem a ser escoados para o Rio Zêzere», disse a “O Interior” Mariana Morais, porta-voz do grupo. O protesto simbólico na Fonte das Três Bicas foi desencadeado três meses após um grupo de covilhanenses ter entregue na Assembleia Municipal, ao cuidado do edil Carlos Pinto, um abaixo-assinado com 3.500 assinaturas, contestando o elevado preço da água e apelando para a revisão das taxas em vigor desde Setembro de 2003. E se a medida pretendia protestar contra o silêncio e indiferença do autarca perante o abaixo-assinado, agora surge como um «sentido de revolta» perante as últimas declarações de Carlos Pinto. O autarca considerou recentemente que o grupo promotor do protesto está conotado com o PCP e disse que tudo não passava de «encenações», desvalorizando por completo as 3.500 assinaturas. «Até podiam ser 35 mil», disse, duvidando que as dezenas de pessoas que têm deixado recipientes na Fonte das Três Bicas sejam de facto consumidores.

Para Mariana Morais, as declarações do presidente da Câmara da Covilhã apenas demonstram o «desrespeito» pela população e «o menosprezo das assinaturas e sentimentos das pessoas». «Nunca pensámos que o presidente viesse pôr em causa a boa fé das pessoas. Isso é grave», lamenta Mariana Morais, que atira: «Somos pessoas sérias e não temos que provar o que é real», acrescenta, dizendo que «os preços cobrados na Covilhã são os mais elevados do país e na região, em comparação com os concelhos da Guarda, Fundão ou Belmonte». Já em relação às insinuações do autarca quanto à conotação do movimento com o Partido Comunista, Mariana Morais justifica-se: «Nunca escondi que era comunista, mas nenhum dos que estão envolvidos neste protesto é profissional da política». Os aumentos da água já foram justificados pelo município com o aumento do investimento dos SMAS, a qualidade da água, o abastecimento a 100 por cento em todo o concelho e à limpeza da cidade. Mas para Mariana Morais, não se pode justificar a «quase duplicação dos valores das facturas da água» com a melhoria do serviço prestado pelos SMAS. «É uma melhoria que não teve lugar, como se comprova com a inexistência do tratamento de esgotos na cidade e por todo o concelho», critica.

Liliana Correia

Sobre o autor

Leave a Reply