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Futuro da maternidade preocupa Assembleia Municipal da Guarda

Contas do município relativas a 2005 foram aprovadas por maioria com as abstenções da oposição

A incerteza quanto ao futuro da maternidade da Guarda foi um dos assuntos em destaque na última reunião da Assembleia Municipal que decorreu na quinta-feira da semana passada. De resto, sem surpresa e sem grande discussão, as contas do município relativas a 2005, com a dívida da autarquia a rondar os 42 milhões de euros, bem como as dos SMAS – Serviços Municipalizados de Águas e Saneamento foram aprovadas por maioria com as abstenções dos deputados da oposição.

Uma notícia que causou mal estar na oposição foi transmitida logo no início da sessão pelo presidente, João de Almeida Santos, ao adiantar que o ministro da Saúde tinha remetido para Fernando Regateiro, presidente da Administração Regional de Saúde do Centro, a realização de uma audiência, solicitada pela AM, para debater o futuro da maternidade. Pereira da Silva, do CDS, falou mesmo de «falta de respeito» de Correia de Campos, ao ter «sacudido a água do capote para cima do presidente da ARS do Centro», criticou. Numa afronta à maioria socialista, João Prata do (PSD) lamentou que certas vozes que foram «bastante grosseiras» quando na governação PSD/CDS se aventou a possibilidade do encerramento de maternidades, « essa monstruosidade», estejam hoje «mais caladinhas e baixinhas». Apelando a «que se mantenham abertas as três maternidades» da Beira Interior, o presidente da Junta de Freguesia de São Miguel lançou o repto para que os presidentes das Câmaras da Guarda, Castelo Branco e Covilhã coloquem uma «mega-fralda» em cada autarquia. Já o independente Baltazar Lopes propôs mesmo que, caso a maternidade da Guarda venha a encerrar, que «todas as Câmaras e Juntas de Freguesia do distrito fechem dois ou três dias, o tempo necessário, até que o Governo diga, de uma vez por todas, que a maternidade da Guarda é para estar aberta». É que «se a maternidade fechar é uma decisão política, então também tem que haver uma resposta política», defende. Por seu turno, Joaquim Canotilho (CDS-PP), que fez a estreia como deputado, apelou a uma maior intervenção da Câmara da Guarda nesta matéria: «Não há uma única tarja nesta Câmara. Era bom que a Câmara e o seu presidente se envolvessem de uma maneira mais forte neste assunto», sugeriu, lembrando a manifestação recentemente organizada pela Câmara da Covilhã. Quanto a Jorge Noutel, do Bloco de Esquerda, apresentou uma proposta contra o encerramento de vários serviços no interior do país, onde se incluem as maternidades.

TMG está «a cumprir a missão» para que foi criado

De resto, o socialista António Saraiva, um dos primeiros a intervir, lançou o desafio de colocar uma fralda no púlpito da sala e que ela lá fique até que haja uma decisão sobre o futuro da maternidade, como forma de mostrar que «este orgão está com essa luta e por essa defesa», salientou. Um repto prontamente aceite por João de Almeida Santos.

Outro dos temas debatidos foi a Culturguarda e o TMG com Joaquim Canotilho a criticar o comportamento do director artístico: «O cargo que Américo Rodrigues ocupa no TMG é de grande responsabilidade e pago com dinheiros públicos. Portanto não temos que ser obrigados a suportar a sua arrogância», criticou. Aliás, desafiou mesmo Joaquim Valente a colocar «ordem no TMG» e a não tolerar «faltas de respeito hierárquico», reforçou. Na resposta, o autarca garantiu que «o TMG está em ordem» e que «está a cumprir a missão» para que foi criado, trazer à Guarda «espectáculos de qualidade e de referência».

Em relação às contas do município relativas a 2005, foram aprovadas por maioria com as abstenções dos deputados do PSD, CDS-PP, CDU e BE. Crespo de Carvalho, do PSD, foi dos poucos deputados que solicitou algumas explicações a Joaquim Valente, e perante a dívida de 42 milhões de euros sugeriu «melhorar a parte financeira, a rentabilização do património e a diminuição drástica das despesas». Por outro lado, advertiu que «ainda estamos muito longe da costa e para nos salvarmos temos muitas milhas a percorrer de balsa ou a nado. Parece-nos que já se encontrou a bússola e por parecer que tem havido um esforço vamo-nos abster», sublinhou. Também as contas dos SMAS foram aprovadas por maioria com as abstenções da oposição. De referir ainda que foi aprovada, por unanimidade, a proposta do deputado Rui Correia (PSD) para a criação de um Conselho Municipal de Segurança.

Ricardo Cordeiro

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