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Fumeiro, do melhor

Editorial – Jornal das Empresas

Vem aí mais um grande certame de dimensão regional. Em dois fins-de-semana, a 12ª Feira do Fumeiro, dos Sabores e do Artesanato do Nordeste da Beira vai exibir o que de melhor se produz na região. O evento é já uma extraordinária alavanca para o desenvolvimento das empresas do sector e determinante para a promoção do desenvolvimento local.

Em Trancoso, onde a tradição dos Sabores se afirma de forma cada vez mais efetiva, há doze anos que artesãos e pequenos industriais agradecem à AENEBEIRA o esforço genuíno e o grande entusiasmo na afirmação de um certame único, de cariz nacional e grande interesse regional. Ainda não tem o impacto das maiores feiras de produto gastronómico do país, mas a Feira de Fumeiro em Trancoso já ganhou o seu lugar e recebe cada vez mais profissionais e conhecedores do produto. O caminho faz-se caminhando, e o que se faz por terras de Bandarra é o acertado para mostrar o produto do fumeiro e dar um novo sabor às parcas e desalentadas populações.

O desenvolvimento de uma marca regional, com origem classificada, facilmente identificável, com dimensão e dinamismo, também nos produtos endógenos é determinante para o “negócio” do futuro, por isso a qualificação regional do fumeiro é essencial. No mundo dos enchidos, as singularidades locais, as caraterísticas específicas de um produto, a utilização de mais este ou aquele ingrediente, levam a que a iguaria de um local se diferencie da do vizinho, mas, quase sempre, o produto final é igual ou muito parecido – assuma-se pois um interesse regional e uma designação comum, para aquilo que é comum a toda a região, sem preconceitos, nem bairrismos bacocos.

A “Morcela da Guarda”, ainda que muitas vezes mal vendida e pior tratada, como produto genuíno de grande interesse gastronómico e valor comercial, é uma marca ímpar entre o nosso fumeiro. O prestígio da “Morcela da Guarda” é único e “universalmente” reconhecido. Por isso, ou também por isso, a adoção de uma designação “colada” à origem Guarda é louvável e só peca por tardia. Assim, a partir de agora, além da “Morcela da Guarda”, teremos a qualificação regional de “Bucho da Guarda”, de “Farinheira da Guarda”, de “Chouriça de Carne da Guarda”, de “Chouriça de Bofes da Guarda” e de “Paio da Guarda” … – designações que podem ter alguma variação mais local, mas que devem assumir o caráter regional, cuja dimensão irá introduzir uma nova dinâmica na comercialização com ganhos imensos no futuro.

Esta poderá ser a primeira etapa para a afirmação dos produtos da “Guarda”, como marca distrital de reconhecimento generalizado e de grande interesse económico e gastronómico. O curioso é que seja a partir de Trancoso que se consegue iniciar o caminho para esta afirmação de produtos… da Guarda.

Luís Baptista-Martins

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