Quando um filme como «Cold Mountain» falha as nomeações para as principais categorias dos Oscares, sentimos que nem tudo está perdido. É possível manter alguma esperança, mesmo que ligeira, de que um dia serão realmente os melhores filmes a vencer os mais importantes prémios da indústria cinematográfica.
Esta produção da Miramax, segue todos os passos do guia «Como Ganhar um Oscar em 7 Lições», sem um único desvio ao que lá está escrito. Uma prática comum da produtora dos irmãos Weinstein, especialista em ganhar as douradas estatuetas a um ritmo nunca visto anteriormente. E como é que se faz para ganhar um Oscar? É simples (ou costumava ser). Encher o filme com actores de renome, mesmo que depois não exista nada para esses actores fazerem e ir buscar um realizador que já tenha ganho uma estatueta e consiga fazer um filme suficientemente estéril para que ninguém se sinta minimamente incomodado com aquilo que vê. No caso de «Cold Mountain», essa esterilidade foi tão bem conhecida que é difícil, no final, que alguém se lembre de alguma coisa. Mas, acerca dos oscares falaremos na próxima semana.
Voltando a «Cold Mountain», existe por aqui uma história de amor, com a Guerra Civil americana como pano de fundo – mas tão lá ao fundo que só com alguma atenção reparamos realmente nisso, ainda que inicialmente a percentagem mínima de explosões seja cumprida à risca – e também uma história de amor entre uma menina mimada, acabada de chegar a Cold Mountain, e um soldado que foge da guerra para se juntar ao seu amor. Quanto ao início dessa paixão, com meia dúzia de planos Minghella despacha o assunto e reza para que o resto do filme se aguente, ou que o público nem repare na fraqueza de tal amor. E mais, assim tivesse espaço, haveria para dizer, mas sem jamais encontrar algo de positivo a apontar. Afinal a montanha nem um rato conseguiu parir.
Por: Hugo Sousa
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