Todas as semanas são dados o conhecer, pelos órgãos de comunicação social, diversos estudos científicos, económicos ou sociais. Alguns têm um impacto elevado, quer pela qualidade metodológica do estudo, quer pela relevância e originalidade do tema. Mas, também, existe o reverso da medalha com a publicação de investigações que ficam aquém do desejado.
Os artigos de maior impacto, como é o caso dos estudos publicados acerca Aquecimento Global do Planeta, são alvo de forte polémica entre os dois lados da barricada, os que defendem este aquecimento e os que se opõem à existência desse aquecimento. Esta frente de discussão que grande parte das vezes se trata em fóruns científicos, passa para um patamar mais elevado de impacto quando chega a órgãos de comunicação social, onde a sociedade civil se envolve, optando por um dos lados da barricada, de acordo com o argumento científico que consideram mais válido.
Estes temas controvérsos quando comunicados em salas de aulas de alguns países, sofrem de liberdade comunicacional. É o caso, de alguns docentes de Ciências da Natureza, nos EUA, que têm sido proíbidos pelos directores das escolas de abordar as alterações climáticas nas aulas.
Esta intromissão nos conteúdos científicos leccionados nas aulas não é uma excepção, uma vez que a Teoria da Evolução de Darwin também tem sofrido uma forte contestação , sendo mesmo abolida dos conteúdos programáticos de Ciências de alguns estados norte-americanos, e mais recentemente, da Europa do Leste.
Os professores de Ciência da Natureza estão longe de aceitar esta redução na liberdade comunicacional, defendendo que as disciplinas de ciência devem reflectir os mais recentes conhecimentos científicos e que o exercício do contraditório só para satisfazer os cépticos afecta a qualidade de ensino, contudo, ao contrário dos seus colegas de Biologia que, há mais de um século, são alvo deste tipo de ataques, os professores de Ciência da Natureza não estão protegidos pela Primeira Emenda da Constituição (relativa à liberdade de expressão e à inexistência de uma religião oficial) se os climocépticos decidirem levá-los a tribunal.
Aparentemente, esta é mais uma das polémicas características da sociedade americana, mas se olharmos criticamente para este assunto, verificamos a tentativa de intromissão da política num tema científico. Isto mostra como num assunto controverso o argumentário não se cinge apenas à componente científica, mas também recebe contribuições de outras áreas, em especial das ciências sociais e políticas.
Esta ideia de uma ciência “aberta”, onde a decisão sobre determinado tema, não está limitada à racionalidade argumentativa fere a própria “génese” científica, na medida em que estamos a trazer para a área da razão, a emoção. Este novo paradigma começa a ganhar uma forma cada vez mais robusta em fóruns escolares e na faculdade.
Claramente, as próximas décadas irão ser caracterizadas por uma aproximação cada vez, mais evidente entre as ciências exactas e sociais, onde não existe uma supremacia de alguma das duas.
Por: António Costa