Casas típicas com paredes e telhados de xisto, ruas estreitas em degraus que nos elevam a outros tempos. A aldeia de Fontão de Loriga foi fundada por uma família de pastores e agricultores que ali se resolveram fixar. Hoje, Fontão é um mundo onde a natureza é rainha e onde o silêncio apenas é interrompido pelas águas cristalinas que deslizam pelos campos e riachos.
Ali existem pouco mais que 30 casas, todas elas em xisto. Quem ali se fixou vivia essencialmente da agricultura e da pastorícia, tendo ainda na comercialização da resina e na apicultura um meio de atividade e subsistência. Esta aldeia é o exemplo vivo de como a desertificação e o envelhecimento da população têm trazido consequências devastadoras para o interior do país. Antes, nas décadas de 40 e 50, havia uma escola em Fontão, onde quatro dezenas de crianças aprendiam a ler e a escrever. Atualmente, o edifício ainda lá permanece, mas inativo desde então. Em 1999, a população residente naquela pequena aldeia na encosta da Serra correspondia apenas a 11 habitantes. Hoje, a realidade é ainda mais triste, já que apenas ali vive uma pessoa.
Embora as pessoas se tenham ido, em busca de melhores condições de vida, as tradições ancestrais continuam a dar vida àquela pequena povoação. Anualmente é realizada a Festa em Honra de Nossa Senhora da Ajuda, uma romaria com tradição no segundo domingo de agosto. Parecendo que não, é nesta altura que muitos daqueles que se ausentaram regressam à sua terra natal. António Maurício, presidente da Junta de Freguesia de Loriga, conta que a festa chega a juntar ali «cerca de 50 pessoas». Fontão de Loriga é uma das 49 aldeias pré-finalistas do concurso “7 Maravilhas de Portugal – Aldeias”. Esta povoação concorre na categoria “Aldeias Autênticas”, onde compete com mais seis selecionadas. De acordo com António Maurício, o facto de Fontão ter chegado a esta fase «é uma mais-valia também para Loriga porque, no fundo, nós também ficamos contentes porque reconheceram o trabalho que lá fazemos».
Segundo o autarca, sempre que possível, os funcionários da Junta deslocam-se até à pequena aldeia para «limpar os caminhos» e tornar Fontão de Loriga uma aldeia «apresentável», apesar do abandono a que se encontra sujeita. Sobre o que pode ser feito para atrair pessoas àquelas terras e, quiçá, fixar lá novas populações, António Maurício mostra alguma relutância defendendo que é «muito difícil viver em Fontão»: «Nós já tentámos, em tempos, inserir a localidade num programa de apoio às aldeias e a verdade é que não tivemos boa receção por parte das pessoas que na altura lá moravam», adianta.
O que ver? Para além da paisagem, pouco há para ver em Fontão de Loriga. Ainda é possível encontrar um Forno Comunitário, uma escola inativa, uma capela e um ribeiro que é o coração da aldeia.
Sara Guterres
Comentários dos nossos leitores | ||||
---|---|---|---|---|
|
||||