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«Fiquei mais contente do que triste por ter ficado em segundo»

Cara a Cara – Rui Mimoso

P – Ficou satisfeito ao sagrar-se vice-campeão nacional de slackline ou soube a pouco?

R – Fiquei satisfeito com esta classificação. À partida já conheço praticamente todos os “slackliners” em Portugal, pelo menos dos que participaram no campeonato conhecia os melhores e já tínhamos competido num campeonato em Valhelhas (Guarda), em que fui terceiro. O primeiro nessa competição voltou a vencer em Lisboa e, neste momento, é muito difícil eu conseguir chegar ao seu nível, mas com treino acredito que será possível. Participei no campeonato com a expetativa de ficar, pelo menos, em segundo lugar. Era o meu objetivo que, por acaso, consegui com felicidade. Fiquei mais contente do que triste por ter ficado em segundo porque também sei o treino que tinha e os anos de treino que os outros têm.

P – Há quantos anos pratica?

R – Eu treino há pouco mais de um ano e eles já treinam há três anos. Por isso existe aí uma diferença ainda grande e, portanto, já foi uma grande vitória para mim ficar em segundo, mas obviamente que lutei para chegar ao primeiro lugar.

P – Para quem não conhece este desporto, o que é o slackline?

R – Consiste basicamente numa fita elástica ou semi-elástica fixa entre dois pontos, onde uma pessoa tem que andar, equilibrar-se e fazer manobras. Depois, há diversas variantes. As principais são a “trickline”, em que participei e que é de truques; a “highline”, que é em altura e em que os praticantes atravessam montanhas e penhascos; a “waterline”, sobre a água; e a “longline”, mais em distâncias. Cada variante tem fitas com caraterísticas próprias, por exemplo, a “trickline” é mais elástica e em “longline” são mais compridas e mais finas. A “highline” tem as mesmas fitas que a “longline”, mas tem outras caraterísticas por causa da segurança e a “waterline” pode ser tanto uma “long” como uma “trickline” sobre a água.

P – Como descobriu esta modalidade?

R – Foi num evento que houve na Serra da Estrela, o 1º Encontro de Bloco da Pedra do Urso, onde se juntou toda a malta escaladora. Eu estive a ajudar a organização e havia lá pessoal de uma loja online exclusiva de “slackline” e um slackliner que já fazia algumas manobras engraçadas. Eu andava há pouco tempo nas fitas mas só andava e eles vieram com manobras e saltos e isso chamou-me a atenção. Comprei logo a minha primeira fita e a partir daí foi sempre a desenvolver e a evoluir.

P – Pode ser praticada ao ar livre ou em recintos fechados?

R – Sim, tanto ao ar livre como num recinto fechado. Desde que se consiga esticar a fita entre dois pontos dá em qualquer lado.

P – É uma modalidade em expansão?

R – Sim, sem dúvida. Desde que a conheço, e fui depois acompanhando e vendo notícias, está a haver uma grande ascensão de “slackliners” e de marcas a venderem material. Esse é logo um grande indicador de que há muita gente a praticar a nível mundial, porque se começam a aparecer marcas é porque há muitos “slackliners” em todo o mundo.

P – Quantos praticantes há na zona da Covilhã?

R – É difícil dizer quantos há, mas em Portugal, no final deste ano, já conheci muita gente a iniciar-se. Na Covilhã havia uma pessoa que fazia slackline há uns anos. Depois, eu comecei praticamente na mesma altura que dois colegas meus e agora já há mais quatro ou cinco miúdos do secundário que começam a fazer. Na Covilhã já temos uns oito, nove a praticar, entre outros, colegas meus, que vão começando, mas não se dedicam com tanta regularidade. É uma modalidade em expansão e nota-se muito o interesse das pessoas mesmo em eventos a que vamos e outros que organizamos. Até os miúdos, desde os mais pequeninos aos mais velhos, têm curiosidade em experimentar, nem que seja só para sentirem a fita.

P – Tem novos projetos nesta área?

R – Neste momento estou desempregado, mas estou a montar um projeto no Oriental de São Martinho, na Covilhã, onde vou montar uma escola de slackline que, em princípio, abrirá em fevereiro. Essa escola vai consistir no ensino de slackline, desde trickline, onde vamos ter também atividades ao ar livre. Será ainda um local de treino para os “slackliners” mais avançados.

P – Há algum limite em termos de idades?

R – O mínimo para se começar são os 6 anos por a parte motora e da coordenação ainda não ser a melhor, o que não quer dizer que haja um limite mínimo. O slackline é basicamente como voltar a andar, mas até por questões de segurança, é melhor não arriscar com crianças muito novas. Limite máximo de idade também não há. Conheço uma pessoa em Lisboa que faz slackline com 79 anos.

Rui Mimoso

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