Um verdadeiro final de “loucos”. Assim se podem definir os últimos minutos do jogo que, no domingo, colocou frente-a-frente duas das melhores equipas do Distrital, Mileu e Aguiar da Beira. Com menos um homem e um jogador de campo na baliza, os locais conseguiram marcar dois golos já depois dos 90 minutos.
O Mileu entrou mal no jogo e aos 16 já tinha sofrido dois golos. O primeiro foi marcado aos 9’, por Tino. Simões cobrou um livre na esquerda e o homem que está de regresso à equipa da sua terra após uma curta experiência no Sátão (IIIª Divisão Nacional), de costas para a baliza, cabeceou com êxito. O 0-2 aconteceu aos 16’, num grande golo de Diogo II. Depois de receber a bola à entrada da área, o ainda júnior encheu o pé e atirou uma “bomba” que passou por cima de Hélder, embatendo na parte interior da barra antes de se anichar no fundo das redes. O Mileu respondeu aos 24’, na transformação de uma grande penalidade. Paulo Sérgio teve uma grande arrancada pela esquerda e, após combinação com Celso, rematou, com a bola a ressaltar para Zé Tó que, na disputa do lance com Tino, acabou estatelado no chão. Luís Brás apontou de pronto para a marca de penalti, que Paulo Sérgio não desperdiçou. O Mileu passou então a pressionar mais, mas foi o Aguiar que esteve perto de marcar, quando Agostinho quase aproveitou uma falha da defensiva local.
No segundo tempo, os visitantes voltaram a entrar melhor e marcaram novamente aos 9 , num golo em tudo idêntico ao primeiro. Desta vez, o autor foi o capitão Nuno Sena, que, após um livre na esquerda, cabeceou de costas para a baliza deixando o guardião Hélder a “meio-caminho”. Com o Mileu a não conseguir reagir à desvantagem, o pouco público presente no António dos Santos presenciou uma situação bastante caricata aos 68 . Liberalino Almeida deu ordem para fazer duas substituições e, quando os seus companheiros se aproximavam do centro do terreno para entrarem em campo, Paulo Sérgio saiu “disparado” para os balneários sem se saber porquê. O problema é que ninguém do Mileu deu por isso e Stromberg e Pedro Francês acabaram por ceder os seus lugares a Pedro Nunes e Gaspar. Depois de uma interrupção de dois minutos e de terem ido chamar o jogador aos balneários, o brasileiro lá voltou à partida. Contudo, apesar do maior domínio dos locais, foi o Aguiar que, em contra-ataque, poderia ter feito o quarto, mas Agostinho, por duas vezes em boa posição, não conseguiu concretizar.
Até que aos 81’, o avançado aguiarense voltou a surgir isolado, sendo derrubado por Hélder fora da área. Como ditam as leis, Luís Brás mostrou o cartão vermelho ao guardião do Mileu. O problema é que os guardenses já tinham esgotado as substituições, pelo que o central João Almeida foi para a baliza. Curiosamente, foi a jogar com dez, e quando já poucos acreditavam, que a equipa da Guarda chegou ao empate. Primeiro, aos 91’, após cobrança de um canto na esquerda, Pedro Nunes apareceu sem qualquer marcação a cabecear para golo. Três minutos depois, Roberto apontou um livre que embateu na trave, com a bola a ressaltar para o lado esquerdo e ser cruzada depois o centro da área onde Luís Maio, de costas para a baliza, rematou outra vez para fora do alcance de Bruno. Era o delírio nas hostes do Mileu e o desalento total do lado aguiarense. Boa arbitragem de Luís Brás.
No final, Liberalino Almeida mostrou-se satisfeito com o empate “arrancado a ferros”: «A minha equipa falhou muito e íamos perdendo. Hoje posso dizer que ganhámos um ponto», reconheceu. Do outro lado, Totá confessou estar «bastante triste e desanimado» com um resultado que «não corresponde em nada ao que aconteceu» no jogo.
Ricardo Cordeiro