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Filme brasileiro arrebatou Grande Prémio do Cine’Eco

Marcos Prado abordou a história de uma mulher de 63 anos que sofre de esquizofrenia e que trabalha num aterro sanitário

O filme brasileiro “Estamira” foi o grande vencedor da XIª edição do Cine’Eco – Festival Internacional de Cinema e Vídeo de Ambiente da Serra da Estrela que terminou no último domingo em Seia. Mais uma vez, o único festival de cinema dedicado ao ambiente em Portugal que contou com cerca de 70 filmes a concurso oriundos de 40 países, foi um verdadeiro sucesso, registando mais de 10 mil espectadores durante os dez dias do certame.

“Estamira”, filme do realizador brasileiro Marcos Prado, aborda a história de uma mulher de 63 anos que sofre de surtos esquizofrénicos e que trabalha há mais de 20 anos no aterro sanitário de Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro. A sinopse do filme vencedor revela que «com um discurso eloquente, filosófico e poético, Estamira vive em função da sua missão: revelar e cobrar a verdade».

O Júri Internacional, presidido pelo americano Andres Fernandez e pela brasileira Elisa França, decidiu atribuir a “Estamira” o Grande Prémio do Ambiente, patrocinado pela Câmara de Seia, no valor de 3.750 euros, por ter sido considerada a melhor obra entre todas as presentes a concurso, em qualquer categoria de temática ambiental. Já o Prémio Especial de Lusofonia, no valor de 2.500 euros, destinado à melhor obra produzida e realizada nos países lusófonos, foi entregue a “O Coro das Palavras”, do português Carlos Brandão Lucas. Outro realizador nacional premiado foi Jacinto Godinho que foi agraciado com o Prémio “Vida Natural”, no valor de 1.250 euros, com o filme “A Vida Secreta dos Lobos”, por ter sido a obra que melhor promoveu o tema da conservação da natureza e da bio-diversidade. O Prémio “Água” foi entregue ao filme “Sede” (Thrist) dos realizadores americanos Alan Snitow e Deborah Kaufman por ser a obra que melhor promoveu o tema dos recursos hídricos. Quanto ao Prémio “Camacho Costa” foi para o filme “A chuva está a cair” do alemão Holger Ernst, considerado o melhor nas áreas de poesia e humor. Por sua vez, o Prémio “Antropologia Ambiental” foi atribuído a “O Velho e o seu Jardim de Pedra”, realizado pelo iraniano Parviz Kimiavi. Quanto aos Prémios “Educação Ambiental” e “Resíduos” foram, respectivamente, entregues aos filmes “Mangais”, de James Ewen (Moçambique/Inglaterra), e “Terra de Sonho”, de Laila Pakalnina (Letónia). Por último, “Pragas e prazeres no mar Salton”, produzido pelos americanos Chris Metzler e Jeff Springer, arrebatou o Prémio “Pólis”, por ter sido o que melhor promoveu o tema da requalificação urbana e valorização ambiental. Todos estes prémios têm o valor de 1.250 euros e para além dos montantes atribuídos, a organização atribui ainda as tradicionais campânulas, o símbolo do festival, bem como os respectivos diplomas. Para além destes galardões, o Júri Internacional atribuiu igualmente menções honrosas aos filmes “O Diamante Branco”, do alemão Werner Herzog, “The Meatrix”, do americano Louis Fox e “Vida Selvagem” do australiano Scott Millwood. Já o Grande Prémio da Juventude foi atribuído a “Pragas e prazeres no mar Salton”, dos americanos Chris Metzler e Jeff Springer. Recorde-se que o júri de pré-selecção teve este ano uma árdua tarefa, uma vez que se registou o maior número de inscrições de sempre. Deste modo, dos 168 filmes, vindos de 40 países, apenas 68 foram seleccionados para a competição oficial.

Ricardo Cordeiro

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