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Festival Tempo d’Aldeia bisa em São Pedro do Rio Seco

A pequena aldeia do concelho de Almeida volta a ser palco de um evento multifacetado e que ambiciona juntar “mundos” diferentes

A tradição e os novos tempos encontram-se, mais uma vez, em São Pedro do Rio Seco, uma aldeia do concelho de Almeida com 180 habitantes. O Festival Tempo d’Aldeia, que começa na próxima quarta-feira, convida a uma semana de descoberta e partilha de saberes, sabores e experiências de vida, com muita animação à mistura. A organização é da Associação Rio Vivo, que conta com a colaboração de diversas instituições e o envolvimento da população local.

Oficinas, passeios com burros, observação de fauna e flora, bailes e a descoberta da rota do contrabando são exemplos do que poderá encontrar no Festival, que procura dar a conhecer o passado e o presente de uma aldeia com muitas histórias para contar. «Queremos animar a aldeia, juntar dois “mundos” – quem vive e quem quer conhecer –, daí nascer a segunda edição», disse Caetana Serôdio a O INTERIOR. A coorganizadora e cocriadora do evento afirma que «acreditamos neste projeto acima de tudo. Já sabíamos que ia ser difícil mas em setembro, mesmo com o mau tempo, foi um sucesso», considera. A aposta parece ter vindo para ficar, até porque «há quem queira ajudar voluntariamente e as pessoas da aldeia estão cada vez mais envolvidas», entende a responsável. «Acreditamos que vai ser um sucesso daqui para a frente», assevera.

Mesmo sendo uma festa, a iniciativa é também uma oportunidade para refletir sobre os «temas queridos» da população e o futuro da aldeia de São Pedro do Rio Seco. Entre os temas em discussão, destaque para a repovoação rural, a permacultura e a sustentabilidade. A variedade de assuntos e ofertas é uma das apostas da organização, que assim se dirige a pessoas de todos os locais e idades para uma semana diferente. O Festival promete ocupar as praças da aldeia e promover os seus produtos, fazendo com que a inovação conviva com os velhos costumes, alguns dos quais ainda marcam o quotidiano dos habitantes.

Esta iniciativa é um prolongamento daquilo que a Associação Rio Vivo organiza ao longo do ano, nomeadamente o ciclo de palestras e as festas tradicionais. «Tentamos fazer uma série de atividades que promovam a alegria e o convívio», assume Caetana Serôdio, salientando que «convidamos gente de fora a visitar a aldeia, realizamos aulas e tentamos criar um pouco de oferta». O trabalho é resultado da motivação de um conjunto de pessoas que «gosta do tipo de comunidade que existe em São Pedro do Rio Seco e que passa os dias sem “viver” no carro, por exemplo», visa. As dificuldades, essas, estão relacionadas sobretudo com o dinheiro e as «mentalidades»: «O dinheiro é uma complicação aqui e no país inteiro; e também há a questão da implementação de mentalidades, bem como estarmos longe dos grandes centros», considera a responsável.

A Associação Rio Vivo foi fundada em 2009, contando com um «pequeno» auto-financiamento, bem como do Instituto Português da Juventude. A tempo inteiro, a associação conta com três pessoas, dois produtores de eventos e um veterinário, mas há colaboradores provenientes de várias áreas: «É o tipo de projeto em que qualquer um pode participar», reitera. A segunda edição do Festival Tempo d’Aldeia termina a 4 de agosto.

Sara Quelhas O “trator safari” é uma das atrações do Festival

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