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Festival Serra da Estrela agradou mas não deslumbrou

Valhelhas recebeu mais gente mas menos dinheiro que no ano passado

Em três dias de Festival Serra da Estrela passaram pelo recinto seis mil pessoas. «Um balanço muito positivo», refere Nuno Abrantes, da organização. Ainda assim, a crise também chegou a Valhelhas e os amantes da música e da natureza chegaram com os trocos contados. Já a grande aposta desta edição foi um sucesso, pelo que a sensibilização ambiental pode tornar-se uma imagem de marca do evento.

Este é o ponto que mais satisfaz a organização: «Conseguimos passar a mensagem de ‘’alerta ambiental’’ e houve uma forte adesão à reciclagem, graças ao kit ecológico e às actividades de sensibilização», destaca Nuno Abrantes. Nuno Barata, que esteve em Valhelhas nas três noites, também se mostrou agradado com esta edição, pintada em tons de “verde”. «É muito bom que tenham prestado atenção a este aspecto, até porque foi uma das sugestões do ano passado», recorda o jovem. Quanto a concertos, o primeiro dia atraiu uma plateia muito jovem, o que, de resto, foi a marca dos três dias. O entrosamento dos 6pm de Ivan Oubiña e Raul Mon encheu o palco. Ölga foi uma banda de transição e chamou muito do público que permanecia no campismo. Já com toda a gente levantada, os Coldfinger rubricaram um dos melhores momentos de todo o festival, com destaque para a voz de Margarida Pinto, que só perdeu protagonismo quando Miguel Cardona desatou aos gritos contra o nuclear. Os Buraka Som Sistema fecharam a primeira noite com muito barulho, mas defraudaram as expectativas dos mais exigentes.

Na sexta-feira o cartaz anunciava alguns dos nomes mais sonantes do novo panorama rock português e a segunda banda espanhola no topo. À semelhança dos 6pm, a escolha dos The Right Ons enquadrou-se na perfeição e «conseguiram trazer público espanhol consigo», valoriza Nuno Abrantes. Antes dos castelhanos estiveram em palco Linda Martini – outro grande momento do Serra da Estrela –, Dapunksportif e The Vicious Five, naquela que foi a noite mais homogénea. Já o último dia foi menos irregular do que se esperava. O público começou por aderir ao “folklore hardcore” dos Fado Morse e depois a empatia criada cresceu com os Tora Tora Big Band que, sem o trunfo das vozes, mas com o mesmo ânimo e o dobro da “artilharia”, puseram toda a gente a dançar. Prince Wadada e Kussondulola trouxeram a marca “reggae” a Valhelhas e corresponderam às expectativas daquela que foi a noite mais concorrida e, provavelmente, a que mais entusiasmou.

Orlandina Veiros, portuguesa que trabalha em Madrid, estava deslumbrada com toda a envolvente da aldeia ribeirinha do Zêzere: «O local é ideal e o quase isolamento do espaço entre as árvores e montanhas é magnífico. Além disso, a proximidade entre a zona de concertos, o parque de campismo e a praia fluvial evita a dispersão das pessoas», sublinha. No final, a organização faz um balanço muito positivo, apesar de querer chegar a um número «ainda maior de público», refere Nuno Abrantes. Ainda assim, ouviram-se reparos quanto à falta de água no parque de campismo, algo a rever se o público continuar a crescer nas próximas edições. A do próximo ano já tem data marcada e será a 23, 24 e 25 de Julho de 2009.

Igor de Sousa Costa

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