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Festival de Cultura popular em Famalicão

Durante dois dias há muita animação, exposições, espectáculos, jogos tradicionais em redor da música

O tradicional festival de cultura popular em Famalicão da Serra vai de novo sair à rua, após um ano de interregno. A “Festa da Terra”, que já vai na VII edição, promete um fim-de-semana de grande animação, exposições, espectáculos, jogos tradicionais, à volta do tema da música e dos seus ofícios. «Não é a festa desta terra», mas a celebração da Terra, da cultura, das artes e dos saberes às vezes tão esquecidos, diz a organização.

Desde a primeira edição, em 1995, que o festival mantém as mesmas linhas de rumo que estiveram na sua génese: promover a cultura do mundo, e ao mesmo tempo reflectir o que de mais comum há entre os diferentes povos e regiões. Por isso ao longo dos vários anos, a iniciativa tornou-se uma referência no panorama da cultura popular da região, tendo sido pioneira neste campo e «uma verdadeira pedrada no charco, pelo eclectismo e diversidade das propostas apresentadas», segundo os promotores do evento, que agora decidiram retomar essa tradição.

Assim, a partir de sábado, às 14 horas, decorre a abertura oficial das festividades, seguindo-se a animação de rua pela Oficina de Animação, e a abertura da Feira Exposição e da amostra no Lagar de Varas. Perto das 18 horas é a vez da Fanfarra “NemFáNemFum” acalentar as ruas da pacata aldeia. Como a música dá o mote à festa, segue-se um espectáculo pelo grupo “After Dixie” e “La hiedra y el muro” por Andrés Stagnaro, do Uruguai. O qual começou a cantar em público aos 15 anos de idade em “guitarreadas” de grémio e em rodas de amigos. Depois começou a compor, em 1972, e um ano depois integrou o grupo Tabaré, o duo Los Orientales, com o qual fez muitos espectáculos e aparições na TV em Salto, e cidades do interior Uruguaio. Após ter formado um duo, iniciou a sua carreira a solo, gravando em 1998 o seu primeiro disco. No início deste ano lançou o CD La Hiedra y el Muro, que vem agora apresentar a Famalicão da Serra. À meia-noite a música continua, com o Projecto Ginga, constituído por seis elementos, com idades compreendidas entre os 17 e os 50 anos. O projecto iniciou-se há cerca de três anos, sobretudo em torno do gosto pela concertina. Apoiados na alma musical portuguesa o grupo baseia o seu repertório no cancioneiro português, Galego e Asturiano, em busca do material certo que forneça o material para instrumentos como a concertina, o bandolim, cavaquinho, gaita de foles, adufe, entre outros. A banda de folk-rock de Coimbra lançou, há cerca de dois anos, um CD, em edição de autor, intitulado “Do outro Lado”. Na manhã de domingo a animação é assegurada pelos Bombos e Pifaradas de Unhais da Serra e pelo grupo Gaitafolia. Esta banda da Associação Gaita de Foles é o resultado do trabalho da formação de novos gaiteiros e é também um reflexo das suas actividades. A Gaitafolia tem por objectivo principal a divulgação e preservação de uma tradição quase esquecida e mal conhecida, da música e das gaitas de fole portuguesas, mas também muitas dos países onde este instrumento tem presença, nas suas diversas variantes. Durante a tarde é ainda inaugurada a exposição de “Instrumentos do Mundo” de Sebastião Antunes. A qual inclui Oficinas de demonstração dos diversos instrumentos, a funcionar de 2 em 2 horas, nomeadamente, um ateliê da construção da Gaita de Foles – Oficina da Gaita. Tudo acompanhado pela música que enche as ruas de Famalicão, de onde se salienta Banda Filarmónica de Famalicão. Ao cair da noite é apresentado um projecto a solo de Sebastião Antunes, membro dos Quadrilha, que apresenta algumas músicas originais e também muitas coisas da tradição celta que lhe agradam particularmente – “coisas” de Trás-os-Montes, da Galiza, da Escócia, Irlanda, da Bretanha, entre outros. À semelhança dos outros anos, durante o festival há animação de rua permanente, jogos tradicionais, tendas de artesanato, bebidas e petiscos.

Patrícia Correia

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